A CRIANÇA SURDA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E A PRODUÇÃO DE CULTURA NO PROCESSO DE "INCLUSÃO" - O QUE MUDA OU CALA?

Orientadora: Heloísa Andreia Matos Lins
Conclusão - 12/01/2015

Resumo: A educação dos surdos é marcada historicamente pela exclusão, pois, de forma geral, ela foi - e ainda tem sido - pensada a partir de uma concepção ouvinte de educação. Neste sentido, os surdos são considerados pelos ouvintes como dependentes destes, por estarem fora do “padrão de normalidade” construído pelos ouvintes. De acordo com Skliar (1998), as dicotomias presentes entre surdos e ouvintes têm como consequência uma relação desigual de poder e de saber entre eles. Essa mesma relação pode ser observada na relação criança-adulto, pois conforme os estudos realizados por Faria e Finco (2011), Qvortrup (2010, 2011), Corsaro (2011), entre outros, a criança é concebida pelo adulto como um sujeito dependente dele e, portanto, submetida aos interesses adultos. Neste sentido, a criança surda - foco desta pesquisa -, acaba sendo duplamente excluída nessa lógica “ouvinte-adultocêntrica”. Assim, tensionamos a inserção da criança surda na escola regular, procurando conhecer mais detalhadamente como as relações criança-criança e criança-adulto e a produção de cultura infantil se constroem para que o processo de “inclusão escolar” se efetive. Este trabalho é de cunho etnográfico, baseando-se nas ideias de Ludke e André (1986) e Viégas (2007), utiliza-se da abordagem qualitativa. Foi realizado por meio da observação participante, a partir de um estudo de caso feito em uma pré-escola pública do município de Jundiaí. As observações ocorreram de abril a dezembro de 2014 em uma turma de crianças de 4 anos, onde havia um menino surdo. Tais observações foram registradas em um diário de campo. Além disso, foram realizadas entrevistas com as pessoas envolvidas no processo chamado de inclusão, tais como professores, familiares, profissionais da instituição de apoio e profissional responsável pelo Atendimento Educacional Especializado. Os dados foram analisados a partir de núcleos de significação (AGUIAR; OZELLA, 2013), que permitiram perceber que a educação da criança surda na escola regular ainda é submetida à lógica ouvinte, e os sentimentos e desejos da criança surda, que é o principal sujeito deste processo de “inclusão”, nem sempre são levados em consideração, confirmando a hipótese de que a criança surda é duplamente excluída.
PALAVRAS-CHAVE:
Surdez; Identidade surda; Educação infantil; Culturas infantis; Inclusão/Exclusão.

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