Ementas:

Conferência 1 – Prof. Dr. Moacir Gadotti (Diretor do IPF- instituto Paulo Freire  e Diretor Executivo do Fórum Mundial de Educação).
Título: A hora e a vez da Educação popular, social e comunitária no Brasil.
No dia 14.12.2011, o Congresso Nacional Brasileiro aprovou  parecer favorável ao Projeto de Lei 5346-2009, para regulamentação da Educação Social como profissão, uma reivindicação histórica dos educadores sociais brasileiros. Tributária da Educação Popular originalmente formulada por Paulo Freire, mas com intersecções também na Educação Escolar, na Educação Comunitária e na Educação Sociocomunitária, a Educação Social, com seu potencial para a emancipação e para a libertação oferece amplas perspectivas para a revitalização do projeto político pedagógico brasileiro, constituindo-se em importante instrumento para efetivação, por exemplo, da proposta de uma escola que seja, ao mesmo tempo, integral, integrada e integradora.

Conferência 2 -Prof. Dra.  Ulrike Buchmann  (Universidade de Siegen- Alemanha). 
Título:  Nova Gestão pública e as consequências para  a educação e o social.
A Alemanha foi e tem sido considerada por autores e pesquisadores brasileiros como a pátria ocidental da Pedagogia Social. Com uma fortíssima tradição no campo da teoria e da prática sociopedagógica, esta nação reformou o conceito de pedagogia no final do século XX, reagindo a um só tempo aos desafios dos arranjos  institucionais e políticos vigentes nas políticas públicas para a infância, adolescência e juventude, bem como às demandas da esfera acadêmica pelo estabelecimento de novos paradigmas no contexto teórico dos campos da Pedagogia Social ( Teoria das Práticas Sócias e disciplina científica ao mesmo tempo) e do Serviço Social ( Ciência social aplicada). Ulrike Buchmann irá analisar as transformações no campo social e do trabalho e as tensões que surgiram neste horizonte, destacando em que medida a ideia de utopia de uma nova sociedade civil seria possível por meio da construção e reconstrução de programas de graduação inovadores voltados para as profissões sociais, como o BASTEI (Bachelor Pädagogik/Inklusion und Subjektentwicklung- Pedagogia – Inclusão e Desenvolvimento do Sujeito) da Universidade de Siegen.     

Conferência 3 – Prof. Dr. Samuel Carlos Vitorino - Magnífico Reitor da Universidade Lueji  A’Nkonde -  Lunda Norte – República de  Angola 
Título:   O papel da Educação na  Reconstrução nacional.
A república de Angola sofreu d o flagelo de 21 anos de Guerra Civil,  tendo sido destruída toda a sua infraestrutura educacional. A exemplo de outros países africanos, esta nação tem o desafio  de reconstruir um sistema educacional em bases modernas e democráticas para assegurar o direito à Educação a uma população predominantemente feminina e jovem. A história tem mostrado que a Pedagogia Social tem sido adotada em diversos países após momentos de grave ruptura, de guerras e de crises, especialmente quando os modelos tradicionais já não são capazes nem suficientes para recuperar grandes déficts educacionais. Com a vitória do socialismo, relativizada por acontecimentos como a queda do Muro de Berlim, o fim da União Soviética e a ascensão do dragão chinês, fatos estes somados a ampla cooperação acadêmica com países da mesma tradição, esta conferência  explorará aspectos como a reconstrução do sistema  educacional angolano, os esforços para democratização do acesso à Educação, as propostas de ampliação da oferta e a política para formação de profissionais da Educação.

Mesa  1 - O Lugar da Pedagogia Social nas ciências da educação: tempos  e espaços de interlocução entre Pedagogia Social, Educação Social e Educação Básica. 
Carlos Brandão (UNICAMP) e Danilo Streck (UNISINOS) debaterão com Rúbia Cristina Cruz e atual presidente da Associação Brasileira de Pedagogia Social a inserção da Educação Social na política educacional brasileira após a regulamentação da Educação Social no país, que pode ocorrer a partir do parecer favorável emitido pelo congresso brasileiro em 14.12.2011. São questões importantes para este debate as políticas de financiamento e de formação inicial e continuada, o papel das ONGs, o perfil profissiográfico do Educador Social, a estruturação de uma carreira e a atuação do profissional da Educação Social em diferentes espaços, inclusive escolares.

Mesa 2 – Educação e Espiritualidade.
No contexto do mundo globalizado e do avanço impositivo da filosofia do consumismo, na qual o sujeito e as relações passam à condição de mercadoria, a espiritualidade e a educação emergem como meios para ajudar o ser humano a encontrar um sentido de sua existência. De alguma forma, a espiritualidade aliada à educação tem a propriedade de interpelar o sujeito a descobrir o sentido da existência humana enquanto recusa das formas de dominação e exploração. A espiritualidade é um dos condicionantes da construção do sujeito. Ela o impulsiona para o encontro com o outro e desperta nele a consciência de seu compromisso de transformar e humanizar o mundo. A experiência da transcendência, conforme Freire, leva o sujeito a amar o mundo e a se comprometer com sua emancipação e a de seus companheiros. Nesse sentido, a espiritualidade é importante para a compreensão da relação entre liberdade e justiça. Ela fortalece as utopias emancipadoras e contribui para uma visão mais abrangente dos diferentes contextos sociais e das experiências humanas. A mesa sobre este tema terá como convidados Diamantino Trindade (PUC-SP), Lindberg Clemente de Moraes (Universidade Presbiteriana Mackenzie) e Monja Heishin (Comunidade Zen Budista Tenzui Zenji) e  como debater Geraldo Caliman (UCB – Universidade Católica de Brasília – DF).

Mesa 3 :  Contribuições da Animação Sócio-Cultural  para a educação social: O conceito de Animação Sociocultural, as práticas a ele associadas e as teorias que nele se inspiram, no Brasil, situam-se no que denominamos Domínio Sociocultural. Trata-se de buscar identificar quais possibilidades e limites existiriam nestes espaços de prática e teoria cultural e social que poderiam enriquecer ou contribuir para a construção do conhecimento no âmbito da educação social. Nesta mesa mediada por Raquel Gouveia (UNICAMP/LABORARTE)  teremos as contribuições especiais de Xavier Úcar Martinez, que versará sobre a animação sociocultural como intervenção socioeducativa, enquanto Miguel Lázaro Marrengula, buscará colocar em debate a relação entre animação sociocultural e políticas culturais na República de Moçambique.    

Mesa 4 - Educação Social: Regulamentação da profissão, Formação do educador social e  representação política.
Érico Ribas Machado (FEUSP), Marcelos Morales, Jorge Camors (Uruguai), Ronaldo José da Costa, presidente da Associação de Educadores Sociais do Estado de São Paulo (AEESP) e Noêmia de Carvalho Garrido, representante da ABRAPSocial e Isabel Baptista (UCB- Portugal), debaterão com Evelcy Monteiro Machado (UFPR) as perspectivas, propostas e possibilidades para a a formação inicial e continuada do Educador Social, bem como as diferentes formas de representação política da categoria no Brasil após a aprovação do Projeto de Lei 5346-2009 que regulamenta a profissão de Educador Social no país.

Mesa  5 - Diferentes espaços da Educação Social: Educação Social de Rua, Prisional, Campo.
Erineu Foerste (UFES) e Francisca Rodrigues de Oliveria Pini (IPF), com mediação de Jacyara Silva de Paiva (Universidade Estácio de Sá-ES), apresentarão um amplo painel sobre os diferentes campos de atuação do Educador Social, abordando, simultaneamente, o campo de trabalho, a formação e a pesquisa, apontando para as possíveis contribuições da Educação Social em áreas tradicionalmente não atendidas pela Educação Escolar, especialmente a alfabetização de adultos, a educação prisional o campo e a rua.

Mesa 6- Pedagogia, movimentos e redes sociais:
A discussão estará voltada para a identificação, caracterização, limites e possibilidades da pedagogia social no contexto dos movimentos e das redes sociais, bem como buscará explorar as (novas) demandas de atuação do educador social nesses movimentos e nessas redes, grande parte delas interconectada (informacional/comunicacional) e intencionadas (interesses/objetivos/ações comuns). No limite, trata-se de tentar enfrentar os desafios postos para a aquisição/construção da cidadania de pessoas e grupos excluídos e discriminados.
A discussão terá como debatedor Antonio Pereira e como palestrantes Odair Marques da Silva, que discutirá como tema a pedagogia social no contexto dos movimentos e redes sociais de cidadania interconectadas pela tecnologia informacional/comunicacional e Gil Giardelli, que enfocará o profissional atuante nas redes sociais e o lugar de atuação do educador social, juntamente com Edmea Santos  (UERJ) e Wagner Lopes Sanchez (PUC-SP).

Mesa  7 - Educação Social e Educação Escolar
Marcos Cezar de Freitas (UNIFESP-Guarulhos), Denise Meireles de Jesus (UFES), Norma Silvia Trindade de Lima (UNISAL), tendo como debatedora Sueli Maria Pessagno Caro (UNISAL) aprofundarão o debate da possível relação entre Educação Escolar e Educação Social, de Pedagogia Escolar e Pedagogia Social, visando esclarecer simetrias e assimetrias entre ambas, seus pontos de intersecção, a atuação do educador social nas diferentes instituições auxiliares da escola e nas mediações das relações com a família, a comunidade, ONGs e empresas.

Mesa 8  Educação Social e Educação nos BRICs: Brasil, Rússia, Índia e China.
Nos últimos anos o acrônimo BRIC se consolidou nos fóruns internacionais, assim como o G-20. Criado pela simples justaposição das primeiras letras que identificam nações com boas perspectivas econômicas, na verdade compõe-se aí um grupo de nações com grandes extensões territoriais, signatárias em sua maioria da Conferência da UNESCO  de Nova Delhi, de 1993. Estas nações, que rapidamente avançam para a posição de maiores economias do mundo, tem sido pouco estudadas no campo educacional, seja por meio de estudos comparativos, seja por outras formas de produção de conhecimento. A mesa, que terá como debatedor Rogério A. de Moura (UNICAMP),  ainda que de maneira preliminar, explorará a partir de vários pontos de vistas, a importância ou a futura influência destas nações para a educação social contemporânea, a partir  de diferentes pontos de vista e áreas de conhecimento,  como a dança, as artes marciais e a pedagogia, contando com contribuições  como as de Kheval Khaur Khalsa (Duke University-EUA),  Fernando Bonfim (UFRN) e  Gilbert de Oliveira Santos (UFVM). 

Mesa  9 - Diálogos interdisciplinares: Psicologia, Pedagogia e Serviço Social. 
Fabiana Aparecida de Carvalho, Gustavo de Lima Bernardes Sales (CRP-SP)  retomarão com  Sueli Maria Pessagno Caro o debate instalado desde o CIPS 2006 sobre a co-existência de uma nova área de conhecimento - a Pedagogia Social  - com a Psicologia, a Pedagogia e o Serviço Social, especialmente após o horizonte de possível regulamentação da profissão de Educador Social que deve ter a Pedagogia Social como base de sua formação.

Mesa 10 - Juventude e Educação Social: A juventude já foi para Bordieu, apenas uma palavra. Contemporaneamente, estudos mais situados no hemisfério norte, falam, como Savage, de uma construção da juventude. No Brasil contemporâneo, trata-se tanto de uma categoria sociológica e de análise teórica como de um campo de práticas sociais e culturais. A mesa, explorando temas que atravessam o conceito de juventude como trabalho, educação, cultura e arte, pretende ampliar a discussão e o debate, propondo formas de refletir sobre as possíveis relações entre juventude e educação social, considerando o novo contexto de aprovação da Educação Social como profissão. A mesa contará com as conctiruições de Denise Maria Reis (Gepesac-UNISAL), Cândido Alberto Gomes (Universidade Católica Brasília, Cátedra da Juventude - UNESCO), Eckart Diezemann (Universidade de Siegen-Alemanha), tendo como debatedor Luiz Antonio Groppo (UNISAL).

Mesa  11 - Dilemas da Adolescência:  Drogadição, Ameaçados  de morte e sexualidade.
Representante do Conselho Regional de Psicologia de Campinas, o experiente Padre Haroldo Rahm, fundador da instituição que leva o seu nome, juntamente com Verônica Regina Muller, coordenadora do Programa Multidisciplinar de Estudos, Pesquisa e Defesa da Criança e do Adolescente, da Universidade Estadual de Maringá, debaterão com João Clemente de Souza Neto as perspectivas atuais para o trabalho de temas difíceis com crianças e adolescentes, tais como sexualidade, drogas e ameaças de morte, referenciadas em experiências bem sucedidas no Brasil.

Mesa  12 - Creche como novo espaço de socialização.
O lócus da socialização primária de crianças pequenas cada vez mais se desloca do espaço privado para os espaços públicos, principalmente a creche, havendo, inclusive, a reivindicação pela universalização da creche para atender a atual dinâmica de organização da família brasileira e a inevitável participação da mulher no mercado de trabalho. Ocorre assim a superveniência de dois direitos: o direito à convivência familiar e comunitária e o direito à Educação, ambos protegidos constitucionalmente. Ana Maria Ramadán (Pref. Campinas), Maria Walburga (UFSCAR), Érika Andreassy (Executiva Nacional do Movimento Mulheres em Luta - CSP Conlutas) e Lilian Alvizi (UNISAL) debaterão as linhas gerais da Pedagogia de Infância, os elementos próprios desta cultura, as possíveis contradições entre direitos conflitantes e a atual situação das creches no Brasil e em Portugal.

Mesa  13 - Educação Social: Ecos da América Latina e da África.  
Jorge Camors (UDELAR-Uruguai), conduzirá o painel de discussões sobre as experiências e o atual estágio de desenvolvimento da Educação Social em diferentes países da América Latina e África. Hector Henrique Lazo Huaylinos  discutirá a prática profissional e a profissionalização do educador social no Perú, enquanto Cristiano Morsolin abordará a sua luta como educador social de rua para acolher os jovens urbanos ameaçados pelas máfias nas grandes cidades colombianas. A mesa se completa com as contribuições do colega Francisco Macongo Chocolate, de Angola, que versará sobre a infância e a escola e a educação social em seu país. São países com diferentes histórias e diferentes propostas educacionais, mas que enfrentaram questões pontuais recorrendo aos princípios da Educação Social, especialmente no enfrentamento das altas taxas de homicídio decorrentes do narcotráfico, na superação de limitações impostas por longos períodos de guerra ou na integração da população indígena ao sistema escolar.
 
Mesa 14 - Diálogos entre Educação não Formal, educação sócio-comunitária e educação social.
Os diálogos entre a educação não-formal, a educação sócio-comunitária e a educação social nem sempre tem sido harmoniosos. Cada uma destas tradições desenvolveu um caminho próprio de reflexão teórica e de práticas sociais e de apropriação e utilização de conceitos. Embora se utilizando de metodologias e abordagens análogas e de tempos e espaços que coincidem quando o assunto ou o tema é intervenção social, ou seja, a atuação em espaços “não escolares”, estas denominações e tradições de educação buscam, cada uma a sua maneira, entender, problematizar e tratar as situações não enfrentadas pelas pedagogias tradicionais e conservadoras. A mesa representa mais uma oportunidade de diálogo entre as diferentes correntes de pensamento e contará com as contribuições de Renata Sieiro Fernandes (Educação Não Formal); Maria Luisa Bissoto  (Educação Sócio-Comunitária); Evelcy Monteiro Machado (Educação Social) e Sanna Kaysa Rynnanen ( Universidade do Leste –Finlãndia). A mesa terá como debatedor Francisco Evangelista (UNISAL).

Mesa 15 – Corpo, arte e gênero: A invenção da visibilidade feminina no campo social.
Os estudos no âmbito do que chamamos no Brasil de Domínio sociocultural da Pedagogia Social ainda são pontuais. Entre outras razões ou motivos, está o fato de que estes estudos ( sobre arte, cultural, corpo, esportes, práticas culturais diversas) são pouco explorados na sua relação com o campo das tensões e conflitos sociais, marcado por teorização, ora do campo do cuidado e proteção, ora da intervenção social. Embora  ainda de maneira preliminar, é possível afirmar que hoje existem excelentes demonstrações, pesquisas e práticas que afirmam esta outra relação entre o estético e o ético. Nesta mesa, enquanto Renata Lima (UFG) discutirá a Capoeira Angola e o conceito de “encruzilhada” na sua relação com o corpo e o mito, Irene Ballester Buigues (Universidade de Valencia - Espanha), discutirá e buscará indicar caminhos para subverter a invisibilidade feminina por meio das lutas enfrentadas nos “circuitos de gênero”.