Sistema de Submissão de Trabalhos, X SEMINÁRIO NACIONAL DO HISTEDBR: “30 ANOS DO HISTEDBR (1986-2016): CONTRIBUIÇÕES PARA A HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA DA ED

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TRABALHO, CAPITAL E O PROCESSO DE FORMAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Miriam Cléa Coelho Almeida, Ana Elizabeth Santos Alves

Última alteração: 2016-05-30

Resumo


O presente artigo objetiva analisar as relações entre trabalho, capital e o processo de formação da força de trabalho na construção civil na atualidade. Em face disso, inicialmente, é feita uma breve abordagem sobre a educação e sua aproximação com o mundo do trabalho, para a formação dos trabalhadores, em que se destaca a dimensão humana dos processos educativos e o uso do conhecimento como mecanismo de acumulação do capital numa sociedade de classes. Nesse percurso, evidencia-se a maneira como o Estado, engendra a educação e a produção do conhecimento por meio da educação profissional, bem como o uso desses conhecimentos pelo capital como mecanismo de extração da mais valia no processo de trabalho na construção civil. Para tanto, optou-se por uma fundamentação teórica que destaca as contradições dos processos educativos aliançados com os interesses do capital e, com isso, capazes de formar a força de trabalho adequada ao mercado. Desse modo, utilizou-se as contribuições de Marx (2001), Suchodolski (1976), Frigotto (1989,1999) Cunha (1980,2000), Mészáros, (2002, 2005), Lombardi (2011), Kuerzer (1995, 2003, 2007), entre outros. Do ponto de vista metodológico, recorreu-se a fontes secundárias em que além de livros, dissertações e teses que abordam a temática, foram consultados boletins, relatórios e dados de órgãos públicos para buscar informações sobre a formação dos trabalhadores na construção civil. Ademais, foi realizada pesquisa direta com trabalhadores assalariados e autônomos da construção civil, lideranças sindicais e empresários do setor. As análises preliminares mostram que os trabalhadores possuem, em sua maioria, raiz camponesa e, portanto, resultam da expulsão do campo e da busca pela sobrevivência. Em geral, apresentam baixo ou nenhum grau de escolaridade o que os tornam ainda mais vulneráveis às formas exploratórias de trabalho e à perda da autonomia no processo de trabalho submetendo-os ao controle e à dominação da acumulação capitalista. Os trabalhadores possuem trajetórias educativas diferentes que se expressam nas distintas formas de execução de suas funções, ora prevalecendo o conhecimento tácito, ora priorizando o conhecimento científico, ou ainda, realizando combinações entre estas. Essas trajetórias quando associadas à divisão do trabalho agudizada pelas demandas flexíveis se constituirão no núcleo central da acumulação capitalista nesse setor econômico. Assim, ao contrário do que se preconiza, a baixa escolaridade e a precarização dos trabalhadores não se constituem em um problema. Ao contrário, essencialmente, garantem a ampliação do exército de reserva e a maximização da produtividade e lucratividade da indústria da construção civil com a redução dos custos produtivos e exploração dos trabalhadores.


Palavras-chave


Trabalho; Capital; Formação; Força de trabalho; Construção civil

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