Diante das discussões realizadas no âmago da História da Educação apresentamos esse texto cuja pesquisa fundamentou-se na documentação coletada, no Arquivo Waldemar Bispo Duarte (FUNESC), pelo Grupo de História da Educação no Nordeste Oitocentista – GHENO posteriormente publicada em formato de e-book pela Sociedade Brasileira de História da Educação. Utilizamos também como fontes, os jornais paraibanos do período e a historiografia disponível sobre a temática. O conjunto documental referido anteriormente foi o principal alicerce do presente trabalho. A pesquisa teve como temporalidade todo o século XIX, entretanto, para os propósitos e limites desse artigo, selecionamos a primeira metade do oitocentos, ou seja, os anos compreendidos entre 1822 a 1850. O recorte temporal justifica-se porque na primeira metade do século XIX identificamos o início do processo de formação da chamada escolarização moderna em terras paraibanas. Esse processo se deu em torno de lutas de interesses das classes sociais mais abastadas que atuavam na direção de constituir uma escola pública primária voltada “para todos”. Essas mesmas classes sociais, porém resistiam em manter, no espaço doméstico, as primeiras letras de seus filhos e filhas. Os embates sócio-políticos naquele momento nos fazem pensar que a escola pública estava sendo pensada e projetada para o mais pobres enquanto que a instrução secundária se destinaria aos meninos que seguiriam as carreiras de direito, medicina e engenharia. Nessa direção, foram unânimes na criação e fortalecimento do Liceu Paraibano. Investigamos o cotidiano instrucional, seja nas formas escolares que se apresentavam para o período em questão, ou mesmo na utilização dos utensílios, artefatos, métodos, livros e/ou compêndios destinados às aulas de primeiras letras e instrução secundária na província paraibana. Os resultados alcançados pela pesquisa permitem afirmar que há estreita relação entre a constituição de aulas públicas, particulares, a criação do Liceu e a cultura material escolar. Métodos de escolarização, formas de controlar o tempo das lições, as premiações, orientações de conteúdos escolares, definição do que se deveria ensinar para meninos e meninas foram surgindo a partir das análises das listas de compras e demandas empreendidas por professores que solicitavam artefatos para serem utilizados em suas aulas. A perspectiva teórica e metodológica por nós utilizada inscreve-se no âmbito da história social porque acreditamos que segundo Thompson são as experiências de grupos sociais que definem suas identidades e práticas cotidianas.