Sistema de Submissão de Trabalhos, X SEMINÁRIO NACIONAL DO HISTEDBR: “30 ANOS DO HISTEDBR (1986-2016): CONTRIBUIÇÕES PARA A HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA DA ED

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FORMAÇÃO DO PROFESSOR ATRAVÉS DE CONCEPÇÕES CRUZADAS DE EDUCAÇÃO EM MANUAIS PEDAGÓGICOS: BRASIL E FRANÇA AO FINAL DO SÉCULO XIX
José Carlos Souza Araujo

Última alteração: 2016-06-04

Resumo


O objeto dessa investigação envolve dois manuais pedagógicos, destinados à formação docente, que vieram a público no Brasil na segunda metade do século XIX, um de origem francesa, e o outro brasileira. São eles aqui assumidos como fontes primárias, que possibilitam embrenhar-se pelas concepções pedagógicas, bem como pelas dimensões didático-metódicas. O primeiro é o Cours practique de Pédagogie destiné aux élèves-maitres des écoles normales primaires et aux instituteurs em exercice, cuja primeira edição aconteceu em Paris em 1851 (no Brasil, foi publicado em 1865, em Recife, PE; a segunda edição se deu no Rio de Janeiro em 187)4. O segundo é o Compêndio de Pedagogia organizado para uso dos candidatos ao magistério, cuja autoria é de Braulio Jayme Muniz Cordeiro, publicado no Rio de Janeiro, também em 1874, manual que se encontra entre os primeiros a compor a produção didática brasileira destinada à formação do normalista. Algumas indagações foram norteadoras: em que termos se estabelecia, à altura dos anos de 1870, a construção da Pedagogia como Ciência da Educação em contexto europeu? Qual é a relação dos manuais em apreço com tal construção? Quais princípios, diretrizes e prescrições são comuns aos manuais pedagógicos em vista da formação docente? Em relação à disseminação das escolas normais, qual é a situação brasileira nos anos de 1870 em relação à formação docente? Como se coloca a França na mesma conjuntura? Como se situam as finalidades física, intelectual, moral, religiosa e cívica nos manuais em pauta? Quais são os marcos estabelecidos em torno da formação do professor a partir de tais finalidades? Enquanto expressões de uma teorização pedagógica, o que os informa do ponto de vista antropológico-filosófico, ético/moral, nacional/cívico, teológico/religioso e físico? Relativamente ao objeto, tais manuais em comum explicitam concepções de educação física, intelectual e moral, três categorias muito presentes na literatura pedagógica de então. Além destas três, a educação religiosa é privilegiada pelo manual pedagógico brasileiro, embora no de Daligault esta dimensão seja inerente aos conteúdos relativos à educação moral. Além disso, o manual pedagógico de Bráulio Cordeiro elege uma quinta dimensão, a educação nacional (ou educação cívica). Em termos de referência teórica, tais manuais serão enfocados como expressões singulares da Pedagogia da Essência, através da vertente humanista cristã, caracterizáveis como representantes de uma metafísica de caráter teológico. Trata-se de uma concepção educativa que visa a modelação do sujeito humano, similar à atividade do artesão com a argila, que atua desde externamente sobre o educando. Advoga-se que ambos os manuais estejam assentados em relações culturais, políticas, religiosas, educacionais e escolares, norteadas pela religião católica. São singulares em relação à totalidade social, ou seja: de um lado, constituem-se como frações da formação docente no Brasil, que tinha em vista a ampliação da escolarização primária, bem como a sua qualificação, àquela altura ainda através das escolas isoladas; de outro, em termos de totalidade social, estão radicados em concepções fundadas na Antropologia, na Ética, na Metafísica de caráter teológico, na Política, no Civismo, na Teologia, na Pedagogia, porém demarcadas pela visão de mundo cristã.

Palavras-chave: Manuais Pedagógicos; Formação de Professores; Escolas Normais; Pedagogia; Teorias Pedagógicas.


Palavras-chave


Manuais Pedagógicos; Formação de Professores; Escolas Normais; Pedagogia; Teorias Pedagógicas.

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