Sistema de Submissão de Trabalhos, X SEMINÁRIO NACIONAL DO HISTEDBR: “30 ANOS DO HISTEDBR (1986-2016): CONTRIBUIÇÕES PARA A HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA DA ED

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ISEB - Instituto Superior de Estudos Brasileiros. "Educação ideológica" e o novo papel do Estado capitalista no Brasil dos anos de 1950.
Maria Teresa Cavalcanti de Oliveira

Última alteração: 2016-05-23

Resumo


Os anos de 1950 no Brasil foram palco de um gradual processo de democratização e politização da sociedade civil que resultou na reconfiguração do papel do Estado capitalista brasileiro. Apoiado em Gramsci, o desafio de compreensão da existência do ISEB – Instituto Superior de Estudos Brasileiros, vinculado ao MEC em 1955, parte do entendimento das sociedades modernas como bloco histórico – uma articulação do conteúdo econômico-social e da forma ético-política do desenvolvimento das sociedades capitalistas. Nesse contexto, um grupo de intelectuais com significativa notoriedade e influência política convencem o governo brasileiro a instaurar um núcleo de assessoramento “nas tarefas e matérias que o moderno Estado capitalista é hoje incumbido de realizar” (TOLEDO, 1997; p. 184). Partimos da hipótese de que a criação do ISEB, e o inusitado papel por ele desempenhado como órgão ministerial, resultou das transformações presentes no novo bloco histórico brasileiro; via ISEB, o papel do Estado se ampliou, tendo em vista as novas estratégias organizativas de construção de consenso voltadas à consolidação da hegemonia burguesa no país. A questão que nos colocamos é compreender o inusitado papel do ISEB, no uso de estratégias educativas e formativas de natureza pós-universitária, voltadas à construção do consenso envolvendo a concepção, consolidação, divulgação e continuidade do projeto de desenvolvimento em curso naquele momento no país - o “nacional-desenvolvimentismo”. Institucionalizado através do DL 37.608 de 1955 como órgão vinculado ao então Ministério da Educação e Cultura, o ISEB foi definido como um “curso de altos estudos sociais e políticos, de nível pós-universitário” (LEX, 1955; p. 232). O grupo se deu sob a liderança de Hélio Jaguaribe (Filosofia e Ciência Política) mais Álvaro Vieira Pinto (Filosofia), Cândido Mendes (História), Alberto Guerreiro Ramos (Sociologia), Nelson Werneck Sodré (História) e Roland Corbisier (Filosofia). Tendo em vista o restrito material empírico sobre o ISEB, a análise apresentada se apoiou no documento intitulado “Relatório Sucinto das Atividades do Instituto Superior de Estudos Brasileiros – ISEB, durante o período de janeiro de 1956 a novembro de 1960”. Dentre as temáticas mais frequentes, destacam-se: desenvolvimento, nacionalismo, política do desenvolvimento, indústria no Brasil, política nacional, colonialismo, planejamento, questão agrária no Brasil, etc. Para o ISEB o desenvolvimento nacional se apoiava fundamentalmente no fomento dos recursos produtivos centrados na industrialização e desdobramentos afins, envolvendo recursos energéticos, recursos técnicos, etc. Assim, a “educação ideológica” praticada pelo ISEB eram estratégias voltadas à viabilizar tanto o estudo (uso das ciências sociais para a elaboração de instrumentos teóricos), quanto o ensino e a divulgação da ideologia do projeto de desenvolvimento no âmbito de um amplo processo de construção do consenso encaminhado pelo Estado. Como conclusão parcial, a experiência isebiana, enquanto novo papel do Estado (como aparelho de construção de consenso vinculado ao Estado) e enquanto implementação inovadora de formação de pesquisadores voltados à realidade brasileira, não pode ser ignorada sob pena de não percebermos o sentido das mudanças que se dão no papel do Estado capitalista no Brasil ao longo do seu histórico desenvolvimento capitalista.


Palavras-chave


ISEB - Instituto Brasileiros de Estudos Brasileiros; ampliação do papel do estado capitalista brasileiro; educação ideológica; aparelho de construção de consenso.

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