Este trabalho objetiva analisar o surgimento da pedagogia histórico-crítica no contexto da história de luta em defesa da educação pública no Brasil. O artigo traz em seu bojo elementos preliminares da pesquisa em andamento “A luta em defesa da educação pública no Brasil (1980-2000): lições da história”, desenvolvida no Programa de Pós-graduação da Faculdade de Educação da Unicamp, sob a orientação do professor Dermeval Saviani. Pretendemos situar historicamente a luta em defesa da educação pública empreendida a partir do final da década de 1970, partindo do rico processo de reorganização política do campo educacional caracterizado por meio de dois vetores distintos: 1) centrado na preocupação com o significado social e político da educação e representado pelas entidades de cunho acadêmico-científico; 2) centrado na preocupação com o aspecto econômico-corporativo, e representado pelas inúmeras greves realizadas partir do final dos anos de 1970 e ao longo da década de 1980. Não obstante a dinâmica da luta em defesa da educação pública articular esses dois vetores, um impulsionando o outro, nesse trabalho, nos concentraremos na análise do primeiro vetor que privilegiou a luta ideológica e promoveu uma série rica de debates e proposições. Compreendemos que a produção do pensamento crítico não é produto de abstrações descoladas da realidade objetiva. Desse modo, entendemos que as teorias são tentativas de “lançar luzes” sobre os problemas teóricos de uma determinada realidade, num momento histórico dado. Nesse contexto, tivemos o avanço significativo de trabalhos inspirados em concepções críticas acerca da realidade objetiva com destaque para as denominadas teorias crítico-reprodutivistas. Foi o clima efervescente desse momento histórico que concorreu para o avanço da teoria pedagógica Histórico-crítica, enquanto  síntese dialética do embate predominante de ideias no âmbito acadêmico-educacional.