Sistema de Submissão de Trabalhos, X SEMINÁRIO NACIONAL DO HISTEDBR: “30 ANOS DO HISTEDBR (1986-2016): CONTRIBUIÇÕES PARA A HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA DA ED

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APONTAMENTOS SOBRE A QUESTÃO RACIAL NO BRASIL E A POLÍTICA DE COTAS DO PROUNI EM UMA FACULDADE DE DIREITO DO SUL DE MINAS GERAIS
Otávio José dos Santos Filho, Fabiana de Cássia Rodrigues

Última alteração: 2016-07-14

Resumo


APONTAMENTOS SOBRE A QUESTÃO RACIAL NO BRASIL E A POLÍTICA DE COTAS DO PROUNI EM UMA FACULDADE DE DIREITO DO SUL DE MINAS GERAIS

 

Otávio José dos Santos Filho. (otaviojose@hotmail.com)

Fabiana de Cássia Rodrigues. (fabicassia@yahoo.com.br)

RESUMO: O presente trabalho teve por objetivo conhecer e analisar a trajetória de estudantes negros que foram beneficiados pela política de cotas do ProUni, em uma faculdade no sul de Minas Gerais. Pretendeu-se compreender como vivenciaram e qual o significado da sua participação na política de cota e, mais especificamente, a relação desses cotistas com o preconceito racial, antes e durante a vida acadêmica na universidade. A proposta metodológica configurou-se de cunho qualitativo e teve na entrevista seu principal recurso metodológico A política de cotas para negros no Ensino Superior se insere no contexto das ações afirmativas no Brasil e visa amenizar desigualdades sociais, econômicas e educacionais entre raças. Considerando este contexto, ao refletir sobre a trajetória de vida dos alunos cotistas, algumas questões emergiram: Qual foi a trajetória desses estudantes até chegarem à universidade? Sofreram preconceito? Como vivenciam o fato de serem beneficiados pelas cotas? Possuem dificuldades para se manter na universidade? O que julgamos por importante nesse estudo é saber o que os próprios beneficiários imaginam desta política de acesso para negros ao ensino superior e quais as implicações essa política tem trazido para as suas vidas. Diante da realidade de desigualdades, de diferenças sociais e exploração, o Estado instituiu políticas para reparar os séculos de distinção e injustiças que a essa raça foi imposta. Tais políticas são conhecidas popularmente de ações afirmativas ou políticas de cotas. Uma dessas políticas se denomina ProUni, e destacamos o estudo das cotas raciais presentes nesta política como pano de fundo para analisarmos a vivência dos alunos inseridos neste programa. Sendo assim, nesta pesquisa, ouvimos os sujeitos a partir de como vivenciam e significam as suas participações na política de cotas do ProUni e a relação com o preconceito racial. Levando em consideração as falas dos sujeitos, é importante observar que a maioria vem de famílias humildes, com muita dificuldade para se manter na faculdade e estudar. O que foi possível perceber também foram as contradições de alguns sujeitos que mesmo sendo beneficiados pelo programa de políticas de cotas do ProUni se declararam contrários a ela, demonstrando total desconhecimento dos objetivos das políticas de cotas. O que ficou em evidência, em alguns casos, foi que os entrevistados que não sofreram preconceito ou eram contrários às cotas correspondiam aos indivíduos que não têm dificuldades para o estudo e apesar de se autodeclararem negros, não se consideram como tal. Quanto à oportunidade de estarem cursando a faculdade, todos foram unânimes ao afirmar que é algo que está mudando a vida deles e que poderá transformá-los em pessoas melhores. As contradições entre os indivíduos foram notadas sempre que questionados sobre o apoio ou não às cotas. Podemos observar que para construirmos uma sociedade mais igualitária e verdadeiramente democrática precisamos de ações e mecanismos que sejam capazes de destruir esses preconceitos, criando assim uma mentalidade que se baseie em igualdades de direitos e solidariedade de pessoas de uma sociedade mais humanitária e aberta para aceitar as diferenças raciais e culturais de cada indivíduo.


Palavras-chave


Ações Afirmativas, Desigualdade Racial, ProUni.

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