Sistema de Submissão de Trabalhos, X SEMINÁRIO NACIONAL DO HISTEDBR: “30 ANOS DO HISTEDBR (1986-2016): CONTRIBUIÇÕES PARA A HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA DA ED

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UMA FILOSOFIA SENSORIAL NA SALA DE AULA
Wesley Augusto Brust, Dalton José Alves

Última alteração: 2016-07-07

Resumo


Este trabalho tem por objetivo pensar as dificuldades do ensino de filosofia depois que a Disciplina tornou-se obrigatória em nível nacional em 2008. Tais como: os problemas teórico-metodológicos e os conteúdos filosóficos a serem trabalhados em sala de aula. Nosso objeto de estudo resulta de pesquisa anterior intitulada: Uma Filosofia Descolonizadora na Sala de Aula. Propõe-se partir da crítica ao colonialismo e eurocentrismo como base da educação filosófica nacional para pensar as consequências sobre o modelo de ensino de filosofia no Brasil. Historicamente a filosofia viveu o maniqueísmo do racional x sensorial, equivalente ao dualismo entre alma e corpo na religião. Interessa-nos pensar as formas de superar esse dualismo. Um pensamento plural pode ajudar a romper essa dicotomia, para tanto, apresentamos como necessário enxergar a filosofia fora do eixo ocidental estigmatizada historicamente como não filosófica, considerada forma inferior de pensamento. A perspectiva do continente imperialista imposta às colônias interrompeu seu processo de autonomia e independência, tanto político e econômico quanto cultural e intelectual. O selvagem processo colonizador gerou entraves para o desenvolvimento autônomo do pensamento próprio dos povos dominados e por isto limitou também o desenvolvimento do pensamento produzido nas metrópoles ao ignorarem o potencial das contribuições que estavam ao seu alcance. Estamos refletindo sobre esta relação de subalternidade como uma tentativa de descolonizar o pensamento. Partimos de considerações provenientes da filosofia oriental, latina e mesmo europeia atuais. Noutra perspectiva, observamos como a neurociência trata a relação do racional com o sensorial e como isto pode iluminar um caminho que nos ajude a superar esse dualismo. Temos como referências pesquisas teóricas que fazem a crítica ao racionalismo da filosofia ocidental. Na perspectiva da Filosofia da Libertação na América Latina e da Descolonização do pensamento teórico-científico e filosófico. A intenção é fazer a crítica a esse racionalismo decorrente do colonialismo e do eurocentrismo que marca o modelo de ensino da filosofia no Brasil. Entendemos que para romper este dualismo entre razão e sensibilidade no ensino de filosofia devemos entender que entre o sensorial e o racional há uma interdependência. O processo de busca do conhecimento é permeado de relações afetivas e sensíveis que tanto nos afastam quanto nos aproximam da verdade sobre os objetos estudados. As metodologias de ensino de filosofia predominantes nas escolas preocupam por sua origem imperialista e racionalidade eurocêntrica. Os resultados parciais aos quais chegamos apontam que ao conjugarmos uma abstração racional com uma sensibilidade pé no chão isto pode nos aproximar de uma filosofia brasileira que pense nossos problemas com nossa linguagem e nossa potencialidade interpretativa. Temos que sentir constantemente a realidade que queremos representar idealmente (teoricamente/filosoficamente), temos que tê-la ao nosso lado enquanto escrevemos, pensamos. Temos que ser e estar afetados por ela a cada novo parágrafo, a cada nova abstração. Se continuarmos a seguir pelo caminho até hoje trilhado de comentadores da filosofia europeia, da filosofia hegemônica, esse sensorial não nos fará falta, nenhuma falta, mas se pretendermos pensar a partir da realidade e das questões próprias nacionais, a “filosofia” é outra.

 


Palavras-chave


sensorial; racional; descolonização; ensino de filosofia; metodologia da filosofia.

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