Última alteração: 2016-07-09
Resumo
O presente estudo objetiva apontar que a formação de classes homogêneas, um princípio que norteou a organização da escola e da pedagogia modernas com vistas ao alcance do desiderato de "ensinar tudo a todos", encontra-se em xeque, no contexto histórico presente, diante da proposta de uma escola inclusiva capaz de formar conjuntamente a ampla diversidade que acorre às escolas. A questão em foco será debatida a partir do recurso às fontes clássicas, historiográficas e documentais, tomando por referência inicial a proposição do ensino comum/simultâneo, tal como aparece na Didática Magna, de Comenius, no século XVII; passando pela educação dos retardados e dos excepcionais, propostas por Alice Descoeudres e Helena Antipoff, respectivamente, e chegando a fins do século XX, com a Declaração de Salamanca (1994), documento internacional que projeta a proposta de uma escola inclusiva para o século XXI. Parte-se do pressuposto de que, desde a sua emergência, a instituição escolar busca formas de organização adequadas ao cumprimento de suas finalidades, que se transformam sob impacto do movimento histórico, sempre em conformidade com as condições materiais de cada tempo. A análise indica que o desafio posto à escola contemporânea é o de formular uma pedagogia assentada na heterogeneidade, o que, em ultima instancia, coloca em crise a escola graduada, organizada em níveis progressivos.