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Este artigo busca contribuir para compreensão da constituição histórica da educação brasileira examinando aspectos da política educacional e das práticas escolares em Minas Gerais decorrentes da Reforma João Pinheiro em 1906. O corpus empírico consiste em um conjunto de documentos que compõe o acervo do Arquivo Público Mineiro: relatórios de inspeção, relatórios do secretário do Interior e correspondências. O procedimento de crítica documental se nutre dos pressupostos da história cultural tendo como principal referência de análise o conceito de representação formulado por Chartier, uma vez que permite o exame dos documentos, entendendo-os como “prática” discursiva que dá a ver as “representações” perspectivadas pelas posições ocupadas por seus autores. Os resultados demonstram que, no âmbito de uma política educacional caracterizada pela ação reguladora e centralizadora do governo, as imagens do professor e da escola são construídas a partir da ótica dos inspetores técnicos. Tais agentes são destacados para transformar o olhar vigilante do Estado em palavra expressa nos relatórios que iriam, por sua vez, balizar as estratégias de modelização da prática docente por meio de um sistema de recompensas ou punições. Observaram-se práticas de resistência de alguns professores que questionavam as informações contidas nos relatórios, evidenciando tensões e conflitos nos processos de apropriação dos modelos pedagógicos em Minas Gerais.

Políticas Educacionais; Prática docente; Inspeção Escolar; Reforma João Pinheiro.