Este trabalho faz parte de uma pesquisa de doutorado que está sendo desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia, na linha de pesquisa História e Historiografia da Educação, cujo objeto de estudo é a infância pobre e marginalizada que viveu no município de Uberaba, interior de Minas Gerais, nas décadas de 1920, 1930 e 1940. O objetivo desta pesquisa é analisar como as crianças pobres - que eram identificadas, inclusive, como vadias - eram vistas pela sociedade da época e qual o tratamento dispensado a essa infância que era órfã, não somente de pais e mães, mas de um aparato jurídico que as protegesse e de uma sociedade que não as discriminasse. A principal fonte utilizada foram os jornais locais do período em tela. Quanto à metodologia utilizada, foi feito o levantamento, seleção e análise das notícias veiculadas nos jornais no período delimitado. Ao corpus documental constituído foram reunidos e cotejados outros documentos disponíveis sobre o município, bem como as produções acadêmicas de pesquisadores que também perscrutaram o tema em apreço. O referencial teórico contou com diversos autores como Rizzini (2004), Patto (1999), Faria Filho (1998), Luca (2006), Campos (2009) e outros. Como resultado constatou-se que a relação das elites diante das crianças pobres era pautada pela contradição e ambiguidade, pois ao mesmo tempo em que a sociedade sentia pena dessas crianças, também queria afastá-las do convívio social, pois sua presença comprometia a ordem de uma cidade que estava em processo de urbanização.