No início de 2020, fomos surpreendidos com a descoberta de um novo vírus em circulação na China com potencial devastador: Corona vírus – Covid-19. Naquele país, cidadãos chineses eram contagiados numa velocidade que despertava temor e preocupação, principalmente a partir da relação com outras pessoas já adoecidas. Diante de tal situação, medidas de isolamento social e outros protocolos foram adotados.

Assistimos perplexos, à agressão do vírus e ao dinamismo dos governos chineses no enfrentamento da doença. Naquele momento, tudo acontecia bem distante de nós, porém, não demoraria muito para que, a partir do trânsito de pessoas entre os continentes, o vírus alcançasse o território brasileiro.

No Brasil, a Covid-19 encontrou um ambiente fértil para a sua proliferação, tanto pelas esferas políticas quanto pelas vulnerabilidades sociais e desigualdades econômicas, infelizmente.

Como medida de proteção da sua comunidade, a Unicamp, pioneira dentre as universidades nacionais na apresentação de um planejamento de gestão da crise e enfrentamento da doença, instalou o isolamento social com a suspensão das atividades presenciais. Assim, todas as unidades de ensino, pesquisa e extensão tiveram o atendimento pessoal suspenso, por outro lado, o complexo hospitalar universitário lotava de pessoas contagiadas em busca de tratamento.

Diante da gravidade da doença, bibliotecas do mundo todo fecharam suas portas. No mesmo sentido e em atendimento ao planejamento universitário de gestão da crise, as bibliotecas universitárias da Unicamp também suspenderam suas atividades presenciais.

Com a pandemia, o caos e a adversidade se fizeram presentes em todas as esferas da sociedade e o desafiar a desordem tornou-se essencial, por meio da reflexão, discussão coletiva e reinvenção.

Nos últimos anos, as bibliotecas, sobretudo as universitárias, têm investido em tecnologias de comunicação e informação em meio digital nas redes de internet. Com isso, em tempos de pandemia, estão em grande parte preparadas para o atendimento online das necessidade de informação. Todavia, os desafios não se limitam à disponibilidade de fontes digitais de informação.

Como oferecer assistência às atividades remotas de ensino, pesquisa e extensão quando grande parte do acervo bibliográfico está em suporte impresso? Como circular as coleções impressas sem desrespeitar os protocolos de distanciamento social?   Como aprimorar as ferramentas online de forma a melhor atender as necessidades da informação em tempos de pandemia? Foi preciso que as bibliotecas,  enquanto instituições historicamente constituídas como templos do conhecimento e da memória e como espaços sociais de encontros e de convivência, se adaptassem ao novo momento e reinventassem as suas práticas, de forma dinâmica e inovadora.

Assim, na Unicamp, com a adoção das medidas de contenção de controle da doença, as bibliotecas instauraram: empréstimo domiciliar de publicações por meio de plantões de atendimento e entrega num sistema take away; regime de quarentena para publicações devolvidas; ênfase no atendimento online por meio dos trabalhos no sistema home office; liberação temporária de acesso gratuito às plataformas digitais de informação de editores como Wiley, Springer, Elsevier; aquisição de bibliotecas digitais de e-books nacionais, fundamentais para as aulas remotas de graduação; etc.

O Programa de Competência em Informação do Sistema de Bibliotecas da Unicamp, também no cenário da pandemia, tem divulgado programas de capacitação online para o uso de fontes digitais de informação e realizado eventos científicos e culturais, mantendo-se ativo em sua missão de “prover informação, por meio de produtos e serviços de excelência, para as atividades de ensino, pesquisa e extensão, garantindo um ambiente de respeito à diversidade e à socialização” (SBU - Sistema de Bibliotecas da Unicamphttp://www.sbu.unicamp.br/sbu/missao-sbu/ . 

Instituições como os conselhos regionais e federal e os cursos universitários de Biblioteconomia têm realizado seminários, cursos de capacitação, eventos culturais, etc. com o uso de plataformas online ou redes sociais, como o YouTube, Zoom, Google Meeting, Face book e Instagram.

Na Faculdade de Educação da Unicamp, orientações relacionadas ao uso das coleções impressas e das digitais, questões de direitos autorais, plágio, ferramentas de prevenção de plágio, citação, referências bibliográficas, publicação em meio digital, uso das plataformas digitais de informação – repositório, bases de dados, etc. tem sido, de forma muito expressiva, demandadas da equipe da Biblioteca.

Dessa forma, a Biblioteca da Faculdade de Educação tem atendido às demandas da comunidade  por e-mails, ligações telefônicas, lives, etc. ao mesmo tempo em que tem participado de encontros com pares da comunidade acadêmica para refletir sobre o papel da biblioteca no contexto das pautas emergentes em educação; trabalhado na melhor ocupação física dos espaços da biblioteca como a mudança de mobiliários e layout, tendo em vista o preparo e a adaptação para a recepção da comunidade; dedicado tempo na qualificação de metadados de bibliotecas digitais e na atualização contínua da interface digital da biblioteca www.fe.unicamp.br/biblioteca; dentre tantas outras funções.

Com isso, tem-se a relevância da biblioteca universitária em tempos de pandemia, como uma estrutura que proporciona valor às atividades fins da Universidade, tanto pelo suporte que oferece à comunidade acadêmica, quanto pelo protagonismo que exerce neste tempo.

Assim, estabelecemos maior proximidade com a comunidade acadêmica, não pelo encontro físico, mas pelas relações que são tecidas no cenário de uma pandemia e se estabelecem para além do meio digital.

Em breve venceremos a crise da Covid-19 e teremos novamente nossas bibliotecas de portas abertas. Será um recomeço, mais humano, mais sensível, mais engajado e mais crítico.

Simone Lucas Gonçalves de Oliveira
www.fe.unicamp.br/biblioteca
slgo14@unicamp.br