Lugares da Memória no Estado do Paraná: demandas e políticas pela prevenção do patrimônio cultural

 

Defendida em 1997. Faculdade de Educação – UNICAMP.

 

Autora: Teresa Jussara Luporini

Orientadora: Maria da Glória Gohn.

 

A sociedade brasileira vive entre a falta de uma política cultural por parte das autoridades constituídas e a onda de preservação de diferentes memórias por variados segmentos da população. A investigação apreende um dos momentos deste contexto, enfocando a preservação da memória como possibilidade de reinterpretação do passado, na constituição do espaço vivencial, no cotidiano e no presente. Analisa a política cultural formulada e adotada pelo governo do Estado do Paraná, na gestão 1991-1994. Recorta, metodologicamente, a política setorial da área da cultura optando pela análise das ações desenvolvidas, no âmbito da preservação, que apontam para a constituição de um inventário de bens culturais destinado a manter/consolidar a identidade cultural paranaense e, neste sentido, criando "lugares da memória". Por meio da análise documental em registros oficiais, interlocução com os atores sociais envolvidos - autores, gestores e agentes de coleta de dados contatados, direta ou indiretamente via entrevista e questionários, - verificou-se como as ações foram postuladas, a nível do discurso e, se a postura assumida pelo governo respondeu a demandas, existentes ou emergentes, na sociedade paranaense. Constatou-se que ocorreu a criação de um espaço para o surgimento/implementação da consciência preservacionista nos municípios paranaenses atingidos pela proposta governamental, embora não se tenha efetivamente colaborado para a democratização da cultura e a socialização do conhecimento, nos níveis idealizados pela política oficial. Evidenciou-se que a questão patrimonial está articulada à questão cidadã e é a formulação de políticas culturais de inspiração democrática que afasta o enfoque conservador, xenófobo, saudosista para dar lugar à consciência do uso social do patrimônio cultural, permitindo a democratização dos espaços culturais e a socialização do conhecimento da realidade patrimonial paranaense.