Autor:
Carlos João Parada Filho
Orientadora: Maria da Glória Marcondes Gohn
Assistimos hoje a profundas mudanças no panorama
religioso brasileiro. As três últimas décadas, marcadas pela ascensão e
refluxo das Comunidades Eclesiais de Base e das bem sucedidas experiências de
educação popular, que alargaram a participação e a democratização da
sociedade brasileira, evidenciam a crise do catolicismo popular e a ascensão,
no catolicismo brasileiro, de setores mais conservadores. Neste mesmo contexto
assistimos à formação da
“bancada evangélica” na Constituinte/88 e seus pactos políticos, o
vertiginoso crescimento de igrejas evangélicas, sobretudo em sua vertente
neopentecostal, e um acentuado trânsito intereligioso por parte da população
brasileira. Tudo isso embalado pelas políticas neoliberais de desmonte do
patrimônio público, de privatização do próprio Estado, de desqualificação
dos Movimentos Populares e de consagração das leis de mercado na vida
quotidiana, acentuando os individualismos e a competitividade. É diante de tais
constatações que somos levados a nos perguntar a respeito da influência das
religiões na formação do educador e no reforço, ou não, de uma cultura política
negadora da ação coletiva de caráter político- transformador.
O locus de nossa investigação é a Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense onde é notório o envolvimento de significativas parcelas de seu alunado em movimentos de caráter religioso e vêm ocorrendo -a exemplo de outros contextos- conflitos, nem sempre explícitos, motivados pela pertença religiosa dos envolvidos.