As formas organizacionais de produção em assentamentos rurais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST.

 

Defendida em 1999. Faculdade de Educação – UNICAMP.

 

Autora: Maria Antônia de Souza.

Orientadora: Maria da Glória Gohn.

 

O objetivo central do trabalho é compreender o processo de organização das formas de produção em assentamentos rurais, localizados no estado do Paraná, especificamente, os projetos de Cooperativas de Produção e áreas individuais que desenvolvem o associativismo do tipo grupos de máquinas e comercialização dos produtos. Através da análise dos documentos produzidos pelos vários setores do MST, especialmente o Setor de Produção, assim como das entrevistas realizadas com os assentados, procuramos destacar as experiências dos projetos coletivos, suas rupturas e (re)elaborações. Tendo como um dos eixos centrais, da pesquisa, a práxis do Movimento e dos assentados -, como redimensionadora do processo de cooperação, em conjunto com os elementos conjunturais, tais como acesso as políticas de créditos agrícolas. Nos primeiros capítulos, destacamos os elementos teóricos norteadores; o cenário político paranaense, enfocando as políticas relacionadas à questão agrária e a atuação do MST. Na seqüência caracterizamos os setores de educação, produção e formação do MST, evidenciando a preocupação dos mesmos com a cooperação agrícola. Por fim, destacamos as formas de organização da produção propostas pelos dirigentes do MST, apontando algumas das estratégias educativas utilizadas no processo de formação para a cooperação. As experiências e representações sociais dos assentados na área conquistada, fazem parte das discussões dos dois últimos capítulos. Partimos da concepção que o assentamento rural constitui-se como um espaço de relações sociais educativas e que os assentados devem ser analisados como sujeitos que possuem saberes oriundos de suas práticas/experiências anteriores. Concluímos que as formas de cooperação estão sendo organizadas em função tanto das necessidade objetivas, quanto dos ideais de vida no assentamento. Ou seja, de um lado, a atual conjuntura não tem deixado muitas alternativas, uma vez que os créditos agrícolas são escassos e os preços dos produtos não compensam os gastos. Por outro lado, nem todos os assentados sujeitam-se a um novo modo de vida, que seja totalmente coletivo, pois possuem um conjunto de práticas e conhecimentos que não se rompem através da implantação de modelos, considerados ideais pelos Outros. Os mediadores têm papel fundamental no processo de socialização política e de (re)elaboração dos saberes técnicos, sociais e administrativos dos assentados. Podemos afirmar que as diferentes formas de cooperação são organizadas em função dos dois fatores citados, como também varia conforme o nível de formação política-ideológica do assentado e de engajamento nas atividades do MST.

Palavras chaves:  formas de produção, cooperação agrícola, movimento dos trabalhadores rurais sem terra, participação, práxis.