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Biblioteca “Prof. Joel Martins” da FE: Pesquisa destaca a importância da cultura adquirida pela vivência na biblioteca para a formação de professores

A defesa da tese de doutorado da coordenadora da Biblioteca Prof. Joel Martins, Simone Lucas Gonçalves de Oliveira, evidenciou uma importante reflexão sobre o papel das bibliotecas universitárias na formação acadêmica, especialmente no curso de Pedagogia.

Foto da Dra. Simone Lucas Gonçalves de Oliveira, coordenadora da Biblioteca "Prof. Joel Martins". Imagem: Fabiana Alves.
Dra. Simone Lucas Gonçalves de Oliveira, coordenadora da Biblioteca “Prof. Joel Martins” (Imagem: Fabiana Alves)

A defesa da tese de doutorado da coordenadora da Biblioteca Prof. Joel Martins (BJM), vinculada à Faculdade de Educação da Unicamp (FE-Unicamp), Simone Lucas Gonçalves de Oliveira, evidenciou uma importante reflexão sobre o papel das bibliotecas universitárias na formação acadêmica, especialmente no curso de Pedagogia.

A pesquisa, orientada pelo Prof. Dr. Ezequiel Theodoro da Silva, identificou a necessidade de presença ativa das bibliotecas nas unidades acadêmicas, bem como seu uso cotidiano pelos discentes para o desenvolvimento da competência em informação, fundamental à formação docente. Esse papel é ainda mais relevante no contexto da BJM, criada em 1972, ano de fundação da Faculdade de Educação, que possui um acervo robusto e historicamente significativo.

A BJM reúne um rico acervo físico e digital, incluindo periódicos históricos e coleções especiais. São mais de 100 mil livros físicos, 300 mil fascículos de periódicos e materiais acadêmicos, além de coleções como a do sociólogo Maurício Tragtenberg, composta por 10 mil volumes. O acesso também é estendido ao público externo, o que amplia sua função social e educativa, favorecendo o desenvolvimento de habilidades como a busca, avaliação e uso crítico de informações.

Essa dinâmica está alinhada à proposta do Projeto Político-Pedagógico do curso de Pedagogia, que prevê a formação de professores pesquisadores. No entanto, segundo Simone, a BJM ainda não é integrada como eixo estruturante desse processo. Para que a biblioteca da FE se torne, de fato, um espaço ativo de formação investigativa, é fundamental promover uma maior articulação entre bibliotecários e docentes, com ações contínuas de  competência em informação. A interseção entre a Educação, a Biblioteconomia e a Ciência da Informação pode impulsionar práticas pedagógicas mais investigativas, críticas e transformadoras, capazes de fortalecer a autonomia acadêmica dos estudantes.

“Acreditamos que a BJM pode ser muito mais do que um espaço de consulta — ela pode se tornar um verdadeiro centro de formação crítica e investigativa. Para isso, é fundamental que docentes e bibliotecários construam juntos estratégias pedagógicas que envolvam os estudantes em experiências significativas de pesquisa. O fortalecimento dessa parceria é o caminho para uma pedagogia mais potente, transformadora e comprometida com a produção de conhecimento”, afirmou Simone.

Em sua tese, a recém-doutora avaliou a relevância da biblioteca da FE para além de seu reconhecimento como centro de excelência de informação em Educação na América Latina. Com fontes curadas e confiáveis, a BJM enriquece a formação acadêmica em um momento no qual a desinformação e as fake news desafiam a Educação. “A biblioteca não é um mero depósito de livros, mas um espaço ativo de construção de conhecimento, onde os alunos devem aprender a navegar por informações complexas e desenvolver autonomia intelectual”, destacou Simone.

Fotografia de uma sala de conferência. Do lado esquerdo, uma mulher negra, de vestido bege, está em pé atrás de uma tribuna de madeira. Pessoas sentadas em uma mesa à frente do público fazem anotações. Ao fundo, parede de madeira, com monitor transmitindo a conferência em tempo real.
À esquerda, Simone em destaque durante sua defesa e, à direita, a banca examinadora (Imagem: Gildenir Carolino Santos)

O Prof. Ezequiel Theodoro da Silva reforçou que o problema vai além do acesso físico ao acervo: trata-se de uma cultura educacional que, historicamente, marginaliza a biblioteca como ferramenta de aprendizagem. Enquanto em países como os Estados Unidos as bibliotecas são centrais desde a educação básica, no Brasil ainda predomina um modelo expositivo, em que o conhecimento é transmitido de forma passiva. “A pandemia, que poderia ter sido um momento de reinvenção, apenas escancarou essa fragilidade: mesmo com a ampliação dos recursos digitais, os estudantes não migraram para as plataformas, mostrando que a questão não é apenas tecnológica, mas pedagógica”, analisou o professor.

Diante desse cenário, a pesquisa propõe ações concretas, como a inclusão explícita da BJM no Projeto Político-Pedagógico do curso e a criação de um programa de competência em informação, em parceria com os docentes. A proposta é incentivar o uso ativo do acervo e estimular a pesquisa original, transformando a biblioteca em um espaço cotidiano de formação crítica. Como lembrou o Prof. Ezequiel: “a biblioteca é um tesouro à disposição de todos, mas só cumpre seu papel se for vivida e não apenas visitada”.

A tese da coordenadora da BJM, portanto, vai além de um diagnóstico: é um chamado à valorização da cultura da vivência na biblioteca no contexto universitário. Em um mundo saturado por informações superficiais e algoritmos, a capacidade de pesquisar com profundidade e discernimento torna-se cada vez mais urgente. Essa competência começa no contato direto com livros, artigos e espaços que guardam o conhecimento acumulado — e que, bem utilizados, têm o poder de transformação social por meio da educação.


Comunicação Institucional – FE/Unicamp
Redação e entrevistas: Erika Blaudt
Revisão: Giovanna Romaro
Imagens: Gildenir Carolino Santos e Fabiana Alves.

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