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Universidade Aberta do Brasil: desafios e impacto da educação a distância no país

A Universidade Aberta do Brasil (UAB) tem se consolidado como uma iniciativa essencial para a democratização do ensino superior, levando oportunidades de formação a regiões remotas e ampliando o acesso à educação no Brasil.

Uma moça sorridente usando fones de ouvido amarelos, camiseta laranja e cabelo preso em coque, sentada à mesa enquanto assiste a algo no notebook e escreve em um caderno.

A Universidade Aberta do Brasil (UAB) tem se consolidado como uma iniciativa essencial para a democratização do ensino superior, levando oportunidades de formação a regiões remotas e ampliando o acesso à educação no Brasil. Com sua inegável relevância social e educacional, a UAB representa apenas 1% da oferta de Educação a Distância (EAD) no país, em um cenário onde a educação pública a distância é próxima a 3% do total geral nacional, marcado por maioria do setor privado com fins lucrativos. Essa é a contextualização apresentada pelo diretor de Educação a Distância da CAPES, Antônio Carlos Rodrigues de Amorim, professor titular do Departamento de Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte da Faculdade de Educação (FE-Unicamp).


Ele destaca a necessidade de ampliar o investimento e fortalecer a UAB como política governamental perene. “A educação a distância pública não é tratada como prioridade, e isso reflete no financiamento e na falta de expansão significativa, tanto na modalidade EAD quanto na semipresencial”, afirma.


A UAB tem sido fundamental para a formação de professores em cidades pequenas, onde a oferta de cursos presenciais é mais restrita ou inexistente. Amorim explica que, em muitos municípios, a formação via UAB tem impacto direto na ocupação de cargos na educação básica. “Há relatos de turmas inteiras que se formaram e passaram em concursos municipais e estaduais, fortalecendo a presença de professores qualificados dentro de seus próprios territórios”, ressalta.


Com mais de mil polos distribuídos pelo país, a UAB busca garantir estrutura adequada para a realização dos cursos, exigindo laboratórios de informática, bibliotecas e condições de conectividade. Nos casos onde a internet não chega, são utilizados sistemas internos de compartilhamento de materiais, garantindo o acesso aos conteúdos sem a necessidade de conexão direta com a rede.

Expansão internacional e fortalecimento da UAB

Atualmente, a CAPES discute a possibilidade de internacionalizar cursos de graduação e especialização para países do Sul Global, especialmente na África, utilizando a estrutura já consolidada da UAB. “Não estamos começando do zero, temos uma base sólida e processos bem estruturados que garantem qualidade e personalização do ensino a
distância e semipresencial”, explica Amorim.


Além da internacionalização, a Diretoria de Educação a Distância da CAPES trabalha em articulação com outras diretorias do órgão, como a de Formação de Professores e a de Relações Internacionais, para expandir e fortalecer o programa. Amorim destaca ainda a importância da colaboração entre as áreas: “Há um alinhamento estratégico para garantir que a UAB continue crescendo e se fortalecendo, tanto em financiamento quanto na diversificação de cursos oferecidos”.

Modelos estaduais e desafios da regulamentação

Alguns estados brasileiros, como Paraná, Rio de Janeiro e Ceará, têm investido em modelos próprios de educação a distância, muitas vezes em parceria com a UAB. Esses programas estaduais aproveitam a estrutura existente e ampliam a oferta de cursos, atendendo demandas específicas de cada região. “O sucesso da UAB em interiorizar o
ensino superior incentivou alguns estados a criarem suas próprias universidades virtuais”, comenta Amorim.


No entanto, a adesão das universidades estaduais à UAB ainda enfrenta desafios de diferentes naturezas, acadêmicos e burocráticos. Enquanto universidades e institutos federais têm uma participação mais ativa, as estaduais precisam de processos adicionais para integrar seus cursos ao sistema.

Desafios e financiamento para o futuro da UAB

A CAPES está focada na ampliação do financiamento e no fortalecimento das parcerias para garantir a continuidade e expansão da UAB. Amorim prevê três aspectos principais para o desenvolvimento futuro da educação a distância pública: a aproximação com a missão tradicional da CAPES, que é a pós-graduação; a necessidade de diversificação dos programas oferecidos além do modelo atual da UAB, ampliando os sentidos de educação aberta e dos processos educativos mediados por tecnologias; e o fortalecimento das articulações institucionais com diferentes ministérios e órgãos de fomento.


Uma das ações concretas nesse sentido é a inclusão dos mestrados e doutorados profissionais em educação e ensino no edital do InovaEDUCAÇÃO, focado na Inteligência Artificial, por exemplo, permitindo que esses programas concorram a financiamento para custeio e bolsas. “Precisamos dar mais visibilidade ao trabalho da Diretoria de Educação a Distância também dentro da CAPES, ampliando nossa atuação no financiamento e fomento de projetos de pós-graduação”, explica o diretor de EAD da CAPES.


Além disso, a diretoria reforça que busca promover, prospectivamente, uma articulação mais ampla com diferentes iniciativas de ensino e pesquisa para a formação de professores, educadores ambientais, dentre outros. “Estamos desenvolvendo ações para que a UAB seja uma rede de articulação junto a múltiplas esferas governamentais e instituições, e para o fortalecimento da educação a distância, pensando também na internacionalização dos cursos de graduação e especialização”, ressalta.

Futuro da UAB e perspectivas

Para garantir a continuidade e expansão da UAB, a CAPES atua para ampliar o financiamento e fortalecer a rede de universidades participantes. Amorim enfatiza que o crescimento da UAB deve ser pautado na qualidade dos cursos e na sustentabilidade do programa. “O modelo de financiamento da UAB garante que os polos de apoio presencial e a distância tenham infraestrutura adequada, professores qualificados e acompanhamento pedagógico eficiente. É fundamental que continuemos investindo para que esse projeto siga impactando positivamente a educação superior no Brasil”, garante.

Com mais de 150 instituições de ensino superior públicas cadastradas, a UAB segue como referência em educação pública a distância, promovendo inclusão e oportunidades para milhares de brasileiras/os. “A UAB é uma conquista enorme para a educação superior pública e precisa ser fortalecida, a partir de uma avaliação dos seus alcances, possibilidades e necessidades de mudanças, após quase 19 anos desde a sua criação. Ainda há muito espaço para expansão da oferta de cursos, especialmente no ensino público a distância, que contribui com a qualificação profissional na graduação e pós-graduação, cujos projetos sejam construídos em colaboração entre CAPES, Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (IPES), estados e municípios”, conclui Amorim.

Quem é o Diretor de EAD da CAPES

Foto do prof. Antonio Carlos Amorim, Diretor de EAD da CAPES
Prof. Antonio Carlos Amorim, Diretor de EAD da CAPES

Antônio Carlos Rodrigues de Amorim é professor e pesquisador que possui uma trajetória consolidada na educação básica e superior. Iniciou sua carreira acadêmica na Universidade Federal de Viçosa (UFV), onde cursou graduação de Biologia, e posteriormente ingressou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para o mestrado e doutorado.


Sua experiência na educação básica foi marcada por dois momentos emblemáticos. O primeiro ocorreu em Viçosa (MG), onde lecionou para uma turma de quinta série composta por alunos de diferentes idades, incluindo aqueles que retomavam os estudos após anos afastados. “Foi um grande desafio construir as aulas e estabelecer uma relação significativa com os alunos, algo que impactou não apenas suas vidas, mas também minha formação como professor”, lembra.


Outro marco foi sua atuação no programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) em Campinas (SP), onde trabalhou com uma turma de sétima série, majoritariamente adulta. “O ensino para adultos exigia um diálogo constante e a adaptação das aulas às vivências dos alunos, tornando essa experiência inesquecível para a minha trajetória”, conta, emocionado. Em 1997, passou a integrar o corpo docente da Unicamp, onde se especializou no ensino de biologia e na formação de professores, atuando com estágio supervisionado e disciplinas pedagógicas que abordavam escola, cultura e linguagens na formação docente. Seu trabalho se destaca ainda pela interseção entre educação, cinema e minorias, temas centrais de sua trajetória acadêmica.


Entre 2018 e 2021 e em 2023-2024, coordenou os programas de pós-graduação em Educação da FE-Unicamp. Entre 2020 e 2024, Amorim integrou o Comitê de Assessoramento da Educação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), coordenando-o nos últimos dois anos. Além disso, acumulou ampla experiência em gestão acadêmica, ocupando cargos na Unicamp e participando de diretorias e comissões da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd).


Nomeado no Diário Oficial da União no dia 10 de junho de 2024, como diretor de Educação a Distância da CAPES, o gestor é professor titular do Departamento de Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte da FE-Unicamp. Atualmente, ocupa o cargo onde lidera projetos estratégicos voltados à formação de professores e à expansão da Universidade Aberta do Brasil (UAB). Sua atuação tem sido marcada pela busca por financiamento e políticas públicas que fortaleçam a educação a distância, tanto no Brasil quanto em parceria com países do Sul Global, rumo ao desenvolvimento educacional do país.

Créditos:
Redação – Erika Blaudt
Imagens – Erika Blaudt e Divulgação  ​

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