A Biblioteca Professor Joel Martins, da Faculdade de Educação da Unicamp (FE/Unicamp), tem se destacado por promover, semanalmente, atividades com crianças de 4 a 6 anos da Divisão de Educação Infantil e Complementar da Unicamp (Dedic), especialmente do Centro de Convivência Infantil (Ceci), com o objetivo de incentivar a leitura literária desde a primeira infância.
A iniciativa, que parte de um projeto de extensão universitária, desde 2024, vem transformando o espaço da biblioteca em um ambiente vivo de convivência, aprendizado e encantamento — resultado direto da articulação entre docentes, estudantes e funcionários da Universidade.
A coordenadora da biblioteca, Simone Lucas Gonçalves de Oliveira, afirma que a vivência em bibliotecas, com acesso aos livros de maneira divertida, interativa e pedagógica, é um excelente antídoto contra o isolamento e o apego excessivo às telas, problemas muito frequentes com crianças que nasceram durante ou posterior à pandemia da Covid, conforme relatos de professoras da educação infantil.
Semanalmente, no período da manhã, a Biblioteca tem recebido os alunos para visitação guiada em seu espaço para a contemplação das coleções de livros, do Jardim dos Saberes Ancestrais, das áreas de estudo e para momentos de encontros, descontração e vivências literárias na biblioteca infantil.

“Do momento em que o ônibus estaciona na frente da Faculdade de Educação, até a entrada da biblioteca, os corredores são invadidos com as vozes e sorrisos infantis, que transformam o ambiente acadêmico em um espaço para todos”, conta a supervisora da biblioteca, Rosemary Passos.
As visitas ocorrem às terças-feiras e envolvem desde o encantamento no Jardim dos Saberes Ancestrais até momentos especiais de contação de histórias na biblioteca infantil, com a participação marcante de contadores de histórias como Wander Paulus e da docente Patrícia Veiga.
O momento da contação de histórias é muito rico. “Com carisma e maestria, Wander inunda o imaginário de nossas crianças com belas histórias e muitas fantasias”, relata Simone. A docente Patrícia, por sua vez, valoriza os saberes dos povos originários do Brasil, apresentando às crianças leituras e instrumentos relacionados a essa história. De acordo com Simone, “É impossível não notar o brilho nos olhos das crianças, a participação, a interação, e principalmente o encantamento dos professores que acompanham a visita e dos funcionários escalados para a recepção”.

A proposta surgiu em parceria com docentes, como Gabriela Tebet e Lilian Nascimento, além do engajamento de funcionárias, pesquisadores e estudantes da graduação e pós-graduação, conta Simone, acrescentando que a visita à biblioteca é planejada, num processo curador que envolve, desenvolve e contribui para a formação do futuro leitor e para o hábito da leitura, permeado de alegria e entusiasmo.
Fabiana Alves, do apoio à pesquisa na biblioteca, pontua que, além das crianças do Ceci, escolas da rede pública externa à Unicamp também participam das atividades, buscando o espaço como extensão da sala de aula. Estudantes de Pedagogia como Ana Claudia Morais Alves e Maria Angélica Teixeira de Andrade têm sido fundamentais na mediação dessas ações, que incluem não apenas a visita física, mas também o empréstimo de livros para uso nas escolas visitantes.
Com cerca de 300 crianças atendidas apenas no primeiro semestre de 2025 e mais de 50 títulos circulando entre as instituições, o projeto reafirma o papel da biblioteca universitária como um organismo vivo, que forma leitores e cidadãos desde a infância. A presença das crianças transforma o ambiente acadêmico, rompendo barreiras entre universidade e sociedade e projetando um futuro mais leitor e mais humano. “Esses momentos reforçam o real significado da biblioteca para a Universidade, tornando-a um organismo vivo e de renovação. As crianças das terças-feiras, futuramente, serão nossos alunos de amanhã”, reflete Rosemary.
E assim, o projeto está crescendo, criando novos contornos a cada dia.
