Escolas em diálogo: construindo alternativas emancipatórias

Em defesa da educação pública com qualidade social, estamos propondo uma série de rodas de conversa virtuais para discutir o tema da qualidade social da educação a partir de experiências de escolas urbanas, rurais e comunitárias que buscam construir e desenvolver o seu projeto político-pedagógico em uma perspectiva emancipatória. Quando adotamos o conceito de "Perspectiva Emancipatória", fundamentamo-nos nos argumentos apresentados por Paulo Freire em "Pedagogia do Oprimido" (2005). Freire defende a substituição da educação desvinculada do contexto social por uma abordagem emancipatória, na qual a conscientização e a ação na estrutura social são elementos essenciais para superar a opressão e a subordinação. A Educação Emancipadora possibilita que o indivíduo tome consciência de sua realidade, sendo um pilar fundamental para a busca da emancipação humana. Quando discutimos a qualidade social da educação, partimos do pressuposto de que a educação é um direito de todos os cidadãos, fundamental para a justiça, a igualdade e para a democracia, em contraposição à perspectiva da qualidade total que considera a educação como campo lucrativo. Estamos construindo uma perspectiva que enfatiza os aspectos sociais, culturais e ambientais da educação, valorizando não apenas o conhecimento simbólico, mas também a formação política, sensível e técnica, com vistas à formação integral dos sujeitos que ensinam e aprendem na escola. Consideramos ainda que a qualidade social da educação é atravessada por fatores externos e internos à escola (SILVA, 2009) que, se de um lado representam desafios, são também elementos motivadores de movimento e de reinvenção no interior das escolas. Ao convidar os participantes de experiências escolares reconhecidas por meio de prêmios, estudos acadêmicos, documentários e artigos de mídia impressa para compartilharem seus projetos autênticos e autorais, propomos um espaço onde as pessoas possam se encontrar e realizar reflexões a partir da realidade concreta de suas experiências, incluindo suas tensões e suas formas de organização coletiva e resistência. Consideramos que a qualidade social da educação não é algo pronto, mas que se constitui neste movimento de reinvenção, de reflexão sobre os fazeres e sobre a história, possibilitando novas formas de organização da própria escola com seus diferentes atores. Nesse sentido, nosso objetivo é refletir sobre maneiras de organizar e vivenciar a escola de forma comprometida com a qualidade social. Nossa reflexão se concentrará sobre as experiências de gestão democrática, escola e seu entorno social, projetos pedagógicos autênticos e comprometidos com a escuta e atuação da comunidade escolar, bem como, na formação humana em múltiplas dimensões, incluindo aspectos históricos, sociais, políticos, éticos, estéticos, e, afetivos, corporais, cognitivos.