Lançamento de livros GEPEC
“Metodologia Narrativa de Pesquisa em Educação”
Tendo em vista que a linguagem é viva, que os sujeitos se constituem e constituem a linguagem nas interações das quais participam, em que medida há espaço para a criação, subjetivação e autoria em produções discursivas tão formatadas como as que circulam na academia? Procuramos dar algumas respostas a esta e outras questões. Augusto Ponzio nos diz que a invenção da escrita como transcrição do pensamento pressupõe a preexistência da escrita em sentido mais amplo do que o do desenvolvimento histórico-cultural do homem, porque concerne ao processo da formação da própria espécie humana. Com Bakhtin, nos vemos como seres sociais, expressivos e falantes que se constituem uns aos outros, alteritariamente. Ambos nos possibilitam compreender que nossos pensamentos são formados de linguagem verbal e que para isso dependemos culturalmente dos gêneros discursivos.
Com este quadro teórico, apresentamos as narrativas orais entre professores como uma prática discursiva do cotidiano escolar. Transformadas em narrativas escritas, têm se mostrado muito significativas para as pesquisas em Educação. “Quando narro me lanço, como se não existisse outro momento de produção que fizesse com que eu parasse e refletisse sobre os significados que encontramos ao exercer a docência.”, escreve Grace Chautz. Marissol Prezotto, numa de suas narrativas se dá conta de que não é possível alterar o jeito da sua escrita, pois nela desvela-se o ato do narrar ativo no viver e no compreender as relações dela com seu aluno e de todo o percurso educacional que com.par.t(r)ilharam. Trata-se de um ato responsável na experiência concreta da vida. Também podemos narrar como percurso investigativo. Assim, tomamos como ponto de partida a pesquisa da própria prática profissional e nos lançamos a uma compreensão mais ampla do trabalho singular para com ele contribuir para o aprimoramento das práticas de formação, de ensino e aprendizagem.
Como os dados e a metodologia usada são narrativos, no GRUBAKH temos realizado interpretações metanarrativas. Com o propósito de aproximar as teorias bakhtinianas da vida, interpretamos as narrativas de forma narrativa, a primeira (narrativa) se torna outra, agregando conhecimentos outros e ultrapassando sua função comunicativa, se tornando ela mesma uma escrita como acontecimento, por vezes com características literárias.
Diante da prática da metanarrativa, Cristina Campos conta: “Ao buscar a minha primeira pipoca (pedagógica) para análise, escolhi as que envolvem crianças e assuntos que faziam da aula, acontecimentos (Wanderley Geraldi) de heróis, piratas, personagens surgidos nas minhas aulas… Via e ouvia os sons das palavras chegando e me obrigando a olhar. As crianças descobriram o mundo através de um mapa, estouraram vulcões, viajaram por todo o sistema solar e me ensinaram a história do mundo, das pessoas, do silêncio, da paciência e da possibilidade.” Nossas pesquisas narrativas são nosso ato responsivo às relações com nossos estudantes e nossa função social de ensinar.
Assumimos a não imparcialidade, (im)precisão, não neutralidade e subjetividade do professor-pesquisador-narrador e oferecemos o rigor da verossimilhança, o calor da afetuosidade, a emoção de nossas experiências narradas, situadas histórico-socialmente na singularidade do acontecimento de nossas pesquisas narrativas.
Organizadores
Guilherme do Val Toledo Prado
Liana Arrais Serodio
Heloísa Helena Dias Martins Proença
Nara Caetano Rodrigues
“O corpo na ponta do lápis, abrindo janelas: o ensino de arte no palco da vida”
A autora Maria José é artista visual e professora. Poderia detalhar o seu currículo acadêmico e artístico, mencionar suas conquistas e feitos, todavia, a visão sobre a autora que pretendo apontar ao leitor, e a que está incorporada no texto deste livro, é a somatória das partes, a ligação dos fatos, a superação dos obstáculos que rege a sua desenvoltura como professora de artes. Foi esta profissão que a fez ser educadora de crianças, jovens e adultos, de Colégios à Universidades, em comum acordo com a essência de “viver”, de se doar e de comungar a sua sabedoria e conhecimento estimulando o educando para uma “visão” mais poética de uma possível realidade de formar cidadãos de fato, que saibam “ver” a essência das “coisas” com amor ao próximo, com confiança em si mesmo e com a esperança de um mundo mais justo e humano.
A palavra a que faço alusão e que norteia o trabalho da autora é “vida”. Maria José “pulsa”, sente, alia, aprende, ensina e nada lhe passa simplesmente por passar. É observadora e o seu vínculo com a educação não é por acaso, é por vocação, por decisão, por consciência de estar trabalhando para um mundo melhor, para uma cidadania digna, para o progresso estampado no futuro de nossos alunos, por meio da sensibilidade de causas justas, na esperança de formar profissionais que irão indicar caminhos profícuos. É a fé de um mundo melhor para todos que a faz ser uma das abelhas rainhas de nosso ensino. Ela vai compondo a sua (e a nossa) colmeia, com o vai e vem que liga e funde o conhecimento e a aprendizagem da relação professor-aluno.
É na dialética do ato de ensinar e de aprender que a autora nos mostra as facetas do ensino da arte como o palco da vida. Um palco do dia a dia, do presente, das angústias e alegrias, mas sempre com fé e esperança, com determinação por saber que se está no caminho certo, o único a seguir, que necessita ser desbravado, abrindo possibilidades futuras, lapidando “sensibilidades” e germinando a criatividade.
Autora
Maria José e Oliveira Nascimento
“Processos educativos e práticas socias em música: um olhar para educação humanizadora. Pesquisas em educação musical”
Neste livro vamos falar de uma educação musical que promova processos humanizadores, que agrega pessoas, que acolhe aqueles que têm desejo de fazer música. O livro compartilha experiências de educação musical nas quais as pessoas, por meio da música, foram capazes de compreender o mundo e fazer parte dele.
Autores
Ilza Zenker Leme Joly
Natália Búrigo Severino
“Escuta compartilhada e co-inspiração: formação de professores em um libirinto de perguntas”
Este livro é endereçado aos leitores interessados na temática da formação continuada de professores e no trabalho da coordenação pedagógica em contexto escolar. Em especial, aos leitores que buscam nesta leitura a possibilidade de uma experiência de escuta compartilhada e de inspiração.
No encontro dialógico com a autora podemos acompanhá-la em seu labirinto de perguntas e (re)conhecê-la a partir das marcas e referências que a orientam e nas lições de sua experiência.
Essas referências são os princípios que a autora defende a favor de uma formação de professores na e a partir da escola: a escola é espaço e tempo de trabalho e de formação de professores e coordenadores pedagógicos, isto é, de autoria de práticas; a criança, adolescente e jovem são o ponto de partida e de chegada de todas as ações de formação e intervenção; a formação se realiza nas ações cotidianas e em relações dialógicas capazes de nos fazer refletir e teorizar sobre nossos saberes-e-fazeres; a relação dialógica e alteritária entre os sujeitos, essencial na constituição de sua profissionalidade e pessoalidade, é marcada por uma atitude de escuta em que se busca compreender o compreender do outro; faz-se sempre necessário exercitarmos algum distanciamento, situando-nos fora da escola e de nós mesmos, para nos lançarmos a outras possibilidades; ao coordenador pedagógico cabe enfrentar os desafios de assumir-se professor-formador e constituir-se em sujeito-referência para promover uma gestão co-inspiradora e, na cons-piração, promover rupturas e quebras de rotina necessárias para provocar uma atitude de ver-e-transver o cotidiano.
O caminho da autora como professora-coordenadora-formadora-pesquisadora, no esforço de construir coletivamente uma formação na e a partir da escola, nos ensina que qualquer processo de formação em contexto escolar é singular, lento e requer, necessariamente, idas e vindas, avanços e recuos. Na escuta de sua experiência de trabalho e de pesquisa compreendemos que é do conflito, da tensão, negociação, acordos e desacordos, ex-posição, imposição, que a responsabilidade e o compromisso com a escola são exercidos e, essencialmente, postos em diálogo.
Autores
Cláudia Roberta Ferreira
Guilherme do Val Toledo Prado
Realização
- Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Continuada (GEPEC/FE-Unicamp)