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Quem nunca…algum dia pode acontecer com você!

Aquela manhã parecia como outra qualquer. 

Mas ela sentia que algo estava diferente. 

Ela acordou cansada, exausta na verdade. 

Estava atrasada, mas não acelerou o passo, nem nada. 

Não tinha forças, não tinha energia. Parecia preguiça. Um desânimo descabido, assim por acaso (?), mas inevitável. 

Tudo aquilo era estranho e negativamente, novo. 

Ela dormira a noite toda, mas ainda sentia sono e nenhuma vontade de sair da cama. 

Olhou no relógio: sim, estava atrasada, mas não se importou. Não naquela amanhã. 

Tudo estava diferente. 

O Sol estava lá, radiante, mas ela não conseguia enxergar o seu brilho. 

O céu estava azulzinho, límpido e colorido, mas ela também não conseguia enxergar essas cores: nem o dourado do Sol, nem o azul celeste do céu. 

Ela não tinha vontade de tomar banho. 

Ela não tinha apetite. 

Ela não tinha forças para andar, se trocar, se arrumar, se perfumar, se maquiar, como fazia todas as manhãs. 

Ela não queria, ou não conseguia, se mexer. 

Paralisada, era assim que ela se sentia, era assim que ela estava. 

Queria chorar, mas lágrima sequer saia. 

Sentia que precisava sim se levantar, se vestir, se arrumar, ir trabalhar. 

Era essa a sua rotina, quase que automática. Mas ela gostava disso, pelo menos outrora, se sentia viva, útil, digna…mas não naquela manhã, não naquele dia. 

Ela tentava se lembrar o que tinha acontecido no dia ou na noite anterior, para que nessa manhã estranha, ela se sentisse assim, nesse torpor. Nada! 

O dia anterior foi normal, como o dia antes daquele, e como todos os demais. Nada de novo, nada de anormal. Mas nessa manhã, nada estava igual.

Então, como uma criança abandonada, era assim afinal que ela se sentia, ela voltou para a cama…e se deitou, em posição fetal. 

As horas se passaram, o céu escureceu, o Sol se apagou. E ela, nada disso, enxergou.

Já era noite de novo, e ela, naquele dia, não se levantou, não se trocou, não se banhou, não se arrumou e nem trabalhou.

Naquele dia ela não comeu, não sentiu fome e nem sede, só solidão e dor.

Ela não entendia o que estava acontecendo.

Não estava machucada, mas sentia dor.

Não sangrava, mas latejava.

Latejava o corpo, latejava a cabeça, latejava a alma.

E doía. Doía muito.

E ela não entendia. Não entendia nada.

E tudo se perdeu. O dia parecia noite. Nada tinha cor e nem tinha brilho. Seu sorriso se perdeu, ficou esquecido em algum lugar que ela não sabia onde procurar. Sua alegria se esvaiu. Sua energia evaporou. O Sol não tinha cor, o céu estava cinza.

E para ela, não importava mais que dia era, porque todos os dias e todas as noites eram iguais, sem cor, sem brilho, sem cheiro, sem alegria. 

E ela se lembrou que, assim como ela, que nunca havia sentido tudo aquilo – que era ao mesmo tempo tudo (de ruim) e nada (de vontade e ânimo),  que pessoas, cada vez mais pessoas, estavam sentindo a mesma coisa…

Era uma falta de propósito, um vazio, um buraco, um querer não estar em lugar algum, em lugar nenhum, nem de ver ninguém, nem de falar, nem comer, nem de pensar em nada. 

 

Muitas pessoas ainda chamam isso de preguiça. Falta de fé. De falta “do que fazer”, de frescura…de querer chamar a atenção.

Mas, naquele dia ela entendeu o que ela estava sentindo: ERA DEPRESSÃO.

Sim, ela não sabia o que era, até sentir.

Ela não imaginava que doía, até sentir a dor.

Então, depois de entender, ela buscou ajuda. 

Ela não tinha vergonha, não se achava mais preguiçosa. Ela entendeu que isso não era fraqueza e que só quem passa por isso vai entender, mas que sempre se pode buscar ajuda e se recuperar.

E depois de algum tempo, o Sol voltou a brilhar em cores douradas e o céu voltou a cintilar com todo o seu esplendor, azul.

Ela voltou a sorrir.

Ela voltou a cantar.

E depois de um tempo, 

numa amanhã, ela conseguiu se levantar.

Se arrumou, tomou um banho demorado, tomou um café da manhã reforçado.

Se arrumou, se perfumou, se maquiou e foi trabalhar.

A vida pode voltar a ser normal, sim!

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Referências:

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Imagens: 

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Texto, arte e edição de imagens: 

Renata Seta, Servidora da FE/Unicamp, gosta de ler, escrever e aprender.

Palavras-chave: Poema, poesia, Cotidiano, Sentimento

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