Estou atrasada e para minha sorte meu ônibus também está. 
Ele chega abarrotado.
Preciso entrar nesse ônibus de qualquer maneira. 
Estou atrasada. 
Consigo.
Nem sei como isso aconteceu. Fui literalmente empurrada. 
Sigo em pé, mas com uma vaga esperança que a qualquer momento
alguém vai se levantar. 
Esperança boba. 
Chego ao destino e tenho que correr, afinal de contas estou atrasada.
Agora a luta é sair do ônibus.  
Vou abrindo caminho pois estou atrasada. 
Desço na praça de sempre.
Estou atrasada.
Uma figura chama minha atenção.
Uma senhora está sentada no banco da praça. 
O banco parece torto, mas a senhora parece não se importar. 
Sua figura esguia destoa entre as árvores e folhas no chão.
Sua blusa branca parece reluzir com os raios do sol. 
Seu semblante é plácido. 
Consigo ouvir o vento e a cantoria dos pássaros nas árvores. 
As folhas secas sobem em um redemoinho e caem. 
A mulher me vê e insinua um leve sorriso.
Tento sorrir também, mas lembro que estou atrasada.

  
Márcia Maria Santos do Rosário,
Estudante de pedagogia 022. Abraça todas as artes.

Palavras-chave: Poema, poesia