Pós-Graduação

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Atualizado em 15/02/2023 - 14:34

Pesquisa Experiência Estudantil - Projeto

Projeto: Experiência estudantil na pós-graduação: trajetórias dos discentes, egressos e avaliação de resultados e impactos

 

Ana Maria Alves Carneiro da Silva (Coordenadora)

  • Função: Pesquisadora
  • Local de trabalho: Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da Unicamp
  • Endereço: Cidade Universitária "ZEFERINO VAZ" Av. Albert Einstein, 1300, Campinas - SP – Brasil; CEP 13083-852
  • Email: anamaria@nepp.unicamp.br
  • Telefone para contato: 19 35212491
  • Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9302537730701238

Adriana Bin (pesquisadora)

Cristiano Morini (pesquisador)

Luciane Graziele Ferrero

Daniela Atães de Oliveira

Gabriela Marino Silva

Marko Synésio Alves Monteiro

Kadigia Faccin

  • Função: Coordenadora de Programa de Pós-Graduação em Administração

/ Professora Permanente do PPGA

  • Local de trabalho: Unisinos Porto Alegre - Escola de Gestão e Negócios
  • Endereço: Rua Nilo Peçanha, 1600 - Boa Vista - Porto Alegre, RS - CEP 91330-002
  • Email: kadigiaf@unisinos.br
  • Telefone para contato: (51) 35911122 / Ramal 1566
  • Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9096213182112205

 

Paola Rücker Schaeffer

  • Função: Bolsista de Pós-Doutorado Junior do CNPq
  • Local de trabalho: Unisinos Porto Alegre - Escola de Gestão e Negócios
  • Endereço: Rua Nilo Peçanha, 1600 - Boa Vista - Porto Alegre, RS - CEP 91330-002
  • Email: paolaschaeffernh@hotmail.com
  • Telefone para contato: (51) 99269-5310
  • Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8072626942858856

Cristiane Machado (Docente)

  • Função: Docente
  • Local de trabalho: Faculdade de Educação
  • Endereço: Av. Bertrand Russell, 801 - Cidade Universitária “Zeferino Vaz” Campinas - SP - Brasil. CEP 13083-865
  • Email: crimacha@unicamp.br
  • Telefone para contato: (19) 981077898
  • Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3315021462751774

Soely Aparecida Jorge Polydoro (Docente)

  • Função: Docente
  • Local de trabalho: Faculdade de Educação
  • Endereço: Av. Bertrand Russell, 801 - Cidade Universitária “Zeferino Vaz” Campinas - SP - Brasil. CEP 13083-865
  • Email: polydoro@unicamp.br

 

Helena de Assis Mota (Estudante)

  • Função: Doutoranda em Educação
  • Local de trabalho: Faculdade de Educação
  • Endereço: Av. Bertrand Russell, 801 - Cidade Universitária “Zeferino Vaz” Campinas - SP - Brasil. CEP 13083-865
  • Email: helenassis@gmail.com
  • Telefone para contato: (19) 98243-5993
  • Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8469847583437503

Nome: Aline Renée Coscione (docente)

  • Função: Coordenadora de Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical e Subtropical / Professora Permanente do PPG-IAC
  • Local de trabalho: Instituto Agrônomico
  • Endereço: Av. Barão de Itapura,1481 Campinas- SP CEP 13020-902
  • Email: aline.coscione@sp.gov.br
  • Telefone para contato: 19 2137 0711
  • Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1566386847094104

 

RESUMO

Há uma incipiente literatura sobre a evolução dos programas de pós-graduação no Brasil (Ikeda, Campomar & Veludo-de-Oliveira, 2005; Cirani, Silva & Campanario, 2012) bem como suas dimensões de avaliação. Silva & Bardagi (2015) realizaram um levantamento dos estudos brasileiros sobre os estudantes de pós-graduação stricto sensu de 1995 a 2015, mostrando que menos de 10% dedicam-se à análise sobre o perfil dos discentes de pós-graduação. A pós- graduação pode significar a busca de maior qualificação exigida pelo mercado, um alongamento da formação ou mesmo uma alternativa ao desemprego. Os alunos apresentam trajetórias diferentes, desde os que emendam a graduação com a pós, passando por aqueles que ingressam na pós após o ingresso no mercado de trabalho ou mesmo depois de muitos anos de carreira profissional. Além da motivação do avanço do conhecimento, a compreensão sobre o perfil dos estudantes e seu nível de satisfação representam importantes elementos para a gestão de programas de pós-graduação. O objetivo da pesquisa é desenvolver e aplicar metodologia para avaliação da experiência estudantil na pós-graduação e seus efeitos nas trajetórias dos egressos. A metodologia denominada “Avaliação da experiência dos pós-graduandos e trajetórias dos egressos (AEPTE)” vem sendo desenvolvida desde 2017, com sua aplicação inicialmente no Programa de Pós-Graduação em Administração da Unicamp (Trajetórias discentes do Programa de Pós-Graduação em Administração da Unicamp: avaliação de resultados e impactos - CAAE: 78313417.2.0000.5404). Foram desenvolvidos e aplicados instrumentos de coleta de dados primários, coletados dados secundários de registros acadêmicos da universidade, sendo que seus resultados foram analisados e apresentados para a comunidade do programa. Este novo projeto (aprovado com CAAE: 56641522.8.0000.8142) busca ampliar o escopo do projeto original com a inclusão de novos programas da área de administração e de outras áreas do conhecimento: interdisciplinar, ciências agrárias, geociências, geografia, nutrição, engenharia de produção, agronomia e educação. Além disso, três destes programas aprovaram cotas raciais: um em 2016 e outros dois em 2021. Isso permitirá análises quanto à composição étnico-racial dos alunos, suas percepções acerca da diversidade e trajetórias, considerando a prática de reserva de vagas. A pesquisa busca, então, acompanhar alguns cursos de pós stricto sensu da Unicamp e da Unisinos e seus estudantes, desde o início no curso, de forma longitudinal, e explorar questões como o perfil dos alunos que procuram os programas e os que conseguem ingressar, suas expectativas, suas trajetórias de estudos e trajetórias profissionais.

 

INTRODUÇÃO

Os estudos sobre ensino superior são considerados uma área já bastante consolidada do conhecimento. Muitas são as vertentes de estudos nesta área, com destaque para “igualdade de oportunidades, desigualdades sociais, estratificação e diversidade, investimentos em políticas sociais, decisões estratégicas em relação à formação de quadros profissionais e ao desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação no mundo globalizado” como apontam Neves, Sampaio & Heringer (2018, p. 33).

As recentes mudanças no escopo e indicadores de avaliação dos programas de pós-graduação pela CAPES (órgão controlador da pós-graduação no Brasil, ligado ao Ministério da Educação) caminham nesta mesma linha, uma vez que além da consideração da produção acadêmica e científica, têm sido crescentemente incorporados aspectos relacionados à formação de competências junto ao corpo discente, inserção profissional dos egressos e impactos econômicos e sociais mais amplos. O trabalho de McManus e Neves (2021), ainda que empregando dados da avaliação quadrienal dos programas de pós-graduação no Brasil entre 2013 e 2016, já insinuam essa trajetória de mensuração da relação entre a pós-graduação e a sociedade, reforçando sobremaneira a diferença entre as áreas do conhecimento.

Ao discutir o perfil e motivação dos ingressantes da pós-graduação no contexto brasileiro, Silva e Bardagi (2015) e Artes (ARTES, 2013)destacam que estes são cada vez mais jovens (sendo comum a transição direta entre graduação e pós-graduação), com rendimento familiar entre médio e alto e maior predominância de mulheres. Em certa medida, trata-se do resultado da busca destes indivíduos por mais qualificação para atuar em um mercado de trabalho muito competitivo (ou seja, busca por mais tempo de “moratória” como as autoras colocam) ou mesmo pela possibilidade de conseguir uma possibilidade de remuneração (com uma bolsa de estudos), e não necessariamente uma escolha de carreira com vistas a uma formação docente e de pesquisa (SILVA; BARDAGI, 2015).

A informação sobre o perfil sociodemográfico dos estudantes de pós-graduação é escassa, pois os dados não fazem parte do censo da educação superior e as bases de dados do CNPq (agência de fomento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações) e CAPES possuem pouca informação sobre as principais características sociodemográficas. Artes (2013), utilizando dados dos Censos Demográficos de 2001 e 2010, aponta que houve um crescimento de 200% do acesso de negros (pretos e pardos) à pós-graduação. Entretanto, enquanto os negros já eram 50% da população geral, representavam apenas 25% dos pós-graduandos. Segundo Venturini e Feres Júnior (2020), ações afirmativas têm sido estabelecidas pelo menos desde 2002 no sentido de combater as desigualdades no acesso à pós-graduação. Isso ocorreu de forma concomitante ao estabelecimento de ações afirmativas na graduação, resultando em pelo menos 747 programas com ações afirmativas em universidades públicas voltadas principalmente para pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência.

Nesse sentido, o presente projeto pretende contribuir para avançar o conhecimento sobre a experiência estudantil na pós-graduação e seus efeitos na trajetória profissional e de estudos dos egressos. Além disso, busca-se apoiar o processo de gestão e avaliação de oito programas de pós-graduação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sendo quatro do Instituto de Geociências, três da Faculdade de Ciências Aplicadas e um da Faculdade de Educação; um da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos); e um do Instituto Agronômico (IAC), considerando também as recentes políticas para implementação de cotas raciais. Dessa forma, busca-se compreender mais amplamente a experiência dos alunos, suas percepções acerca da diversidade, e suas trajetórias acadêmicas e profissionais.

Para isso, tomaremos como base as diretrizes dos PPGs apresentados a seguir, contextualizando-os em suas áreas de conhecimento.

A pós-graduação na área de Administração teve início em 1967 com a criação do mestrado pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro. Os primeiros programas de doutorado foram criados nos anos 1970 (CIRANI; SILVA; CAMPANARIO, 2012). A grande área de administração pública e de empresas, ciências contábeis e turismo figurou em 2020 como uma das maiores em número de cursos, segundo dados do GEOCAPES, com 189 programas. A área apresentou um crescimento vertiginoso devido principalmente ao estabelecimento dos mestrados profissionais, que na área de administração passaram de 3 em 1998 para 72 em 2020, grande parte oferecidos por instituições de ensino superior privadas. Outro fator foi o aumento do número de concluintes de graduação em cursos de administração.

O Programa de Pós-Graduação em Administração da Unisinos foi iniciado com o mestrado em 2000 e o doutorado em 2006. Segundo o regimento1, constituem objetivos do Programa de Pós- Graduação em Administração: “a) promover a pesquisa, a docência e a orientação, em estudos pós-graduados stricto sensu, em sua área de concentração e no âmbito das linhas de pesquisa;

  1. propiciar e favorecer o domínio do conhecimento teórico e aplicado na área de concentração;
  2. estimular o interesse pelo estudo e pela pesquisa em sua área de concentração, mediante ações articuladas com outros programas de graduação ou pós-graduação, internos e externos, e/ou intercâmbio com outras instituições ou com docentes provenientes de outras instituições;
  3. promover a integração entre ensino, pesquisa e extensão; e) consolidar a qualificação dos recursos humanos por meio do desenvolvimento de um instrumental conceitual e prático, objetivando a formação de professores, pesquisadores e profissionais que atuam nas organizações públicas e privadas em temas significativos da Administração Contemporânea; e) constituir-se em centro qualificado de pesquisa científica e tecnológica, formação e difusão de conhecimentos na Área de Concentração, por meio do estabelecimento de uma relação permanente com interlocutores internos e externos à Instituição e da formulação de projetos de cooperação com instituições nacionais e internacionais”.

Já na área de Geociências, os primeiros programas de pós-graduação foram criados na década de 1970. Passados mais de 50 anos do início das atividades, o número de programas alcançou o patamar de 58 em 2018, tendo experimentado um incremento maior na última década. Eles se encontram distribuídos em cinco subáreas de conhecimento: Ciências Atmosféricas (Meteorologia e Climatologia), Ciências Geodésicas (Geodésia, Cartografia e Sensoriamento Remoto), Ciências Geofísicas (Geofísica Global e Aplicada), Ciências Geológicas e Ciências Oceanográficas (Oceanografia Física, Química e Geológica). O Programa de Pós-Graduação em Geociências (PPGG) da Unicamp foi criado em 1983 em nível de mestrado, e em 1994 em nível de doutorado. Seus objetivos são: a) estimular a realização de pesquisas básicas e aplicadas com foco em Geologia e Recursos Naturais; b) preparar docentes e pesquisadores para o ensino e a pesquisa desse tema em universidades e órgãos de pesquisa; e c) capacitar profissionais para a busca, a avaliação, o planejamento e a gestão de recursos naturais visando a otimização do seu aproveitamento.

Também na década de 1970, iniciou-se a pós-graduação em Geografia no Brasil. Contando com apenas 11 programas até meados de 1990, teve um crescimento expressivo nas décadas, totalizando atualmente 76 programas com cursos de mestrado e doutorado acadêmico e mestrado profissional. Na Unicamp, a criação do Programa de Pós-graduação em Geografia (PPGGeo) data de 2002, nos níveis de mestrado e doutorado. Seus objetivos incluem: a) realizar

 

1 Disponível em: https://www.unisinos.br/pos/images/modulos/estrito/regimento- interno/administracao/regimento-administracao-2019.pdf

pesquisas e apresentar resultados sobre a história e a epistemologia da Geografia; b) compreender processos e fenômenos territoriais originados das articulações entre diferentes escalas e determinações; d) aprofundar a compreensão sobre a mediação dos territórios nacionais na relação global/local, incluindo temas como soberania nacional e fragmentação de unidades político administrativas; e) Buscar os novos fundamentos da região, os novos papéis das fronteiras e das redes técnicas, bem como os novos nexos da constituição do lugar; f) Realizar estudos de Geografia do Brasil buscando destacar as diferenciações regionais e o processo de integração do território brasileiro; g) Desenvolver e utilizar técnicas de análise espacial, com apoio em tecnologias de Cartografia Digital, Sensoriamento Remoto, Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS), entre outras, na resolução de problemas geográficos e sua aplicação no planejamento e na gestão territorial, ambiental, regional e urbana; h) Aprofundar o conhecimento sobre as novas abordagens entre geossistemas e sistemas antrópicos, contextualizando-os espacialmente em diferentes escalas de abordagem no território; i) Valorizar o estudo dos impactos resultantes do uso e ocupação das terras para buscar formas de reabilitação, preservação e conservação da paisagem, tendo como base modelos sistêmicos de abordagem do espaço, integrando sociedade, natureza e recursos paisagísticos; j) Aprofundar o conhecimento sobre a indissociabilidade entre os elementos constitutivos do espaço natural e do espaço geográfico, buscando novas formas de representação cartográfica desta relação; k) Estudar e compreender os processos de ensino-aprendizagem da Educação em Geografia, suas tecnologias, linguagens, bem como as políticas educacionais e curriculares que impactam a geografia escolar.

A área de nutrição encontrava-se inserida na avaliação da CAPES até 2010 na área de Medicina II, sendo uma subárea básica. Em 2011 torna-se uma área própria e hoje conta com 36 programas. O Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição e do Esporte e Metabolismo (PPG-CNEM) teve o mestrado implementado em 2011 e o doutorado em 2013. Segundo o site2, “o programa busca a formação sólida de recursos humanos, altamente capacitados e multiplicadores do exercício da docência e pesquisa, por meio do emprego do método científico. Ainda, que tenham independência intelectual e compromisso com a divulgação científica e que estejam aptos a atuar como cidadãos críticos e conscientes de seu papel como profissionais da saúde”.

A pós-graduação em engenharia no Brasil foi inaugurada em 1961 no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) (ALMEIDA; BORGES, 2007) com um programa de formação de mestres nos ramos da Engenharia Aeronáutica, Eletrônica e Mecânica, em Física e em Matemática. Em 2020, a área de Engenharias III possuía 128 programas, incluindo principalmente cursos de engenharia de produção e mecânica. O Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção e de Manufatura da Unicamp (mestrado) foi criado em 2013 e tem por “objetivo principal contribuir com o desenvolvimento da área de Engenharia de Produção e de Manufatura, sobretudo no que diz respeito à i) formação de recursos humanos altamente qualificados e ii) ao desenvolvimento de pesquisa científica de ponta na área. Os egressos do PPGEPM devem estar aptos para atuar em pesquisa, desenvolvimento e inovação em segmentos profissionais e acadêmicos”3.

O PPGE/FE/Unicamp teve início em agosto de 1975, três anos após a instalação da Faculdade de Educação, com o nível de mestrado e em 1980 foi criado o curso de doutorado. O Programa passou por algumas reestruturações em relação às áreas de concentração e linhas de pesquisa,

 

2 Disponível em: https://www.fca.unicamp.br/portal/pt-br/posgrad/posgrad-programas/posgrad-cursos- cnem/1928-o-programa-cnem.html

3 Fonte: https://www.fca.unicamp.br/portal/pt-br/posgrad/posgrad-programas/posgrad-cursos-epm/287- comissao-do-programa.html

até que em 2014 foram estruturadas 10 linhas de pesquisa. O PPGE possui marcas relevantes no cenário nacional com papel de destaque no desenvolvimento do pensamento educacional brasileiro e latino-americano, tendo contribuído para o avanço e consolidação da pesquisa no campo educacional, propondo políticas e cursos, contando com a participação de docentes de várias instâncias, em nível regional, nacional e internacional. Entre outros fatos importantes, houve na FE, apoiado pelo PPGE, a criação da Conferência Brasileira de Educação (1978- 1986), um espaço de debates sobre a LDB Lei 9394/1996. O PPGE tem se consolidado como o maior programa de pós-graduação da Unicamp e, certamente (junto com o PPGE da FEUSP) também como o maior da Área de Educação do Brasil e da América Latina. Em 2018, o PPGE registrou 117 docentes credenciados, sendo 104 Permanentes e 13 Colaboradores; e 594 estudantes, sendo 343 de Doutorado e 251 de Mestrado. Até o momento foram defendidas 2.108 dissertações de mestrado e 1.687 de teses de doutorado.

 

Na área de Ciências Agrárias, os primeiros programas de pós-graduação datam de meados dos anos 1960 na ESALQ/USP e na UFRGS. A possui atualmente 205 Programas Acadêmicos e 20 Programas Profissionais. Neste estudo, foi incluído é o Programa Agricultura Tropical e Subtropical do IAC, com nível de Mestrado desde 1999 e de doutorado a partir de 2009. Foi o o primeiro Instituto de Pesquisa científica do Estado de São Paulo, sem vinculação ao sistema universitário, a criar curso autônomo de pós-graduação “stricto-sensu”. O programa compreende três áreas de concentração: Gestão de Recursos Agroambientais, Melhoramento Genético Vegetal e Tecnologia da Produção Agrícola. O curso destina-se à formação de pesquisadores, docentes e profissionais especializados, com formação voltada para a pesquisa aplicada, com geração de tecnologia específica, com foco na atualização e a aprimoramento de aspectos científicos e tecnológicos da área agronômica

Os outros três PPGs deste estudo são credenciados pela CAPES na grande área Multidisciplinar, sendo um de Ensino e outros dois na Interdisciplinar. Na Área de Ensino, os programas têm como objetivo realizar pesquisas sobre o processo de mediação dos conhecimentos, considerando os múltiplos fatores que nele interferem, tanto em espaços formais como não- formais. Atualmente, a área é constituída por 181 programas, os quais abrigam 218 cursos, sendo 39 de doutorado e 80 de mestrado acadêmicos, 95 de mestrados profissionais e quatro de doutorado profissionais.

Neste âmbito, foi criado na Unicamp, em 2004, o Programa de Pós-Graduação em Ensino e História de Ciências da Terra (PEHCT), pioneiro na área de Educação em Geociências no cenário nacional, conectando as áreas de Geociências e Ensino. O objetivo fundamental do programa é capacitar profissionais para desenvolver pesquisas nos campos ligados às linhas de pesquisa de Metodologia de Ensino de Geociências e História das Geociências, considerando questões pedagógicas na transmissão do conhecimento nos vários níveis de escolaridade e no ensino não-formal.

Ainda na Grande Área Multidisciplinar, a Área Interdisciplinar foi fundada em 1999, e atualmente é composta por 368 programas de pós-graduação. A introdução de programas no campo interdisciplinar visa responder aos problemas de naturezas e complexidade variadas característicos do mundo contemporâneo, muitas vezes decorrentes do próprio avanço dos conhecimentos científicos e tecnológicos. Sob essa perspectiva, foi criado o Programa de Pós- graduação em Política Científica e Tecnológica (PPG-PCT) na Unicamp no ano de 1987, em nível de mestrado, e de doutorado em 1994. O programa é dedicado ao ensino, pesquisa e extensão no tema de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), e visa desenvolver capacidades de elaboração e gestão de políticas públicas e estratégias empresariais em CT&I.

Por fim, na área interdisciplinar, o Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (ICHSA), nível mestrado, foi criado em 2013 na FCA para formar “um profissional acadêmico preparado para atuar no campo interdisciplinar a partir de uma sólida formação teórico-epistemológica e instrumental das ciências humanas e sociais aplicadas. Forma, portanto, um profissional capaz de: (1) construir pesquisas interdisciplinares estimuladas por problemas concretos do mundo contemporâneo; (2) manejar e utilizar recursos teórico-metodológicos diversos para construir de perspectivas originais de análise; (3) e contribuir para o tratamento cientificamente informado destes problemas”4.

 

JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA SOCIAL

A justificativa e relevância da pesquisa são baseadas em três fatores principais. Em primeiro lugar, trata-se de uma área com poucas pesquisas realizadas no Brasil. Há uma vasta literatura sobre a pós-graduação no país sendo que “em sua maioria, os estudos concentram-se em discussões de políticas públicas de ensino superior, estrutura dos programas, implementação de cursos, mapeamento de índices de diplomação e avaliação de cursos” (SILVA; BARDAGI, 2015). Estes estudos entraram na agenda de instituições de ensino superior como consequência da busca de avaliar a qualidade de processos formativos em todos os níveis de ensino, que por sua vez foram impulsionados pela demanda de inovações tecnológicas e pesquisadores qualificados e pela disseminação da cultura de avaliação (HORTALE et al., 2014). Há relativamente poucos estudos cujo foco seja a experiência do estudante durante o curso, os fatores de sucesso para conclusão do curso e as trajetórias discentes após a conclusão. Os poucos que existem tratam em geral tratam de apenas um programa ou programas na mesma área do conhecimento. A ampliação do escopo aqui proposta, em relação ao projeto original, visa lidar com esta lacuna ao incluir programas de várias áreas do conhecimento.

O segundo fator é o volume de recursos públicos despendido no sistema de pós-graduação no Brasil e a busca pela eficiência no seu uso. Desta forma é razoável investigar se os programas de pós-graduação stricto sensu estão atingindo seus objetivos (BRASS; AKABAS, 2010). Segundo Hortale et al. (HORTALE et al., 2014), embora o desenvolvimento contínuo de novas competências profissionais esteja incluído na agenda das instituições formadoras de pós- graduação, não se realizam estudos sistemáticos dos processos de formação neste âmbito, “seja para discutir experiências exitosas para a construção de estratégias para o desenvolvimento científico, seja para subsidiar o fortalecimento da pós-graduação stricto sensu”. Esta situação não é diferente no contexto da Unicamp e da Unisinos, com exceção da iniciativa deste projeto. É relevante conhecer o perfil dos estudantes e suas expectativas para monitorar se a formação oferecida vai ao encontro das expectativas dos estudantes e também da proposta do programa de pós-graduação.

4 Fonte: https://www.fca.unicamp.br/portal/pt-br/posgrad/posgrad-programas/posgrad-cursos-ichsa.html

Por fim, em virtude da recente adoção de ações afirmativas que visam reduzir as desigualdades históricas do Brasil no ensino superior, o projeto contemplará a análise da composição étnico- racial dos alunos, suas percepções acerca da diversidade e trajetórias. O PPGE teve seu primeiro processo seletivo com cotas raciais, indígenas e deficientes em 2017, cumprindo o estabelecido por Comissão criada para este fim em 2016, o PPG-PCT e o PPGG aprovaram cotas raciais para o processo seletivo de ingresso em 2022 e reserva de bolsas. Além disso, o PPG-EHCT aprovou reserva de bolsas para candidatos que se autodeclararem indígenas ou negros e que comprovem renda familiar per-capita inferior a dois salários mínimos. Até o último edital para ingresso em 2022, os demais programas não contemplavam ações afirmativas. Essa configuração permitirá comparações considerando a prática de reserva de vagas.

O terceiro fator que justifica o estudo é fornecer subsídios para a gestão dos programas, informações que podem ser posteriormente estendidas para outros programas de pós-graduação na Unicamp e para outras instituições, especialmente quanto à prática de reserva de vagas étnico-raciais. A pesquisa também poderá fornecer informações sobre o impacto social do programa e a inserção internacional dos seus egressos, dois conjuntos de indicadores que fazem parte da avaliação periódica dos programas de pós-graduação pela CAPES.

OBJETIVOS

O objetivo geral da pesquisa é desenvolver e aplicar metodologia para avaliação da experiência estudantil na pós-graduação e seus efeitos nas trajetórias dos egressos.

São objetivos secundários:

    1. Adaptar os instrumentos de coleta de dados primários aos dez programas de pós- graduação;
    2. Desenvolver o questionário de alumni;
    3. Analisar o perfil da demanda de forma comparativa com o dos ingressantes;
    4. Analisar as percepções dos estudantes acerca do clima do campus e diversidade;
    5. Apoiar a gestão dos programas;
    6. Apoiar a avaliação quadrienal CAPES dos Programas;
    7. Analisar o tempo de conclusão do curso e fatores associados;
    8. Caracterizar a trajetória profissional dos egressos do programa e identificar tendências que afetam as trajetórias.

HIPÓTESES

Como se trata de uma pesquisa exploratória, não foram formuladas hipóteses, sendo que a pesquisa será guiada pelas seguintes questões:

  • Qual o perfil dos candidatos e dos ingressantes?
  • Quais suas expectativas em relação ao curso?
  • Como é a experiência dos alunos de mestrado e doutorado durante o curso?
  • Quais as percepções dos alunos acerca da diversidade?
  • Quais trajetórias profissionais e de estudos que os egressos seguem?
  • Os objetivos dos PPGs estão sendo atingidos?

 

LOCAL DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa será realizada nos seguintes locais:

  1. Nas dependências da Faculdade de Ciências Aplicadas, no campus de Limeira, e do Instituto de Geociências e Faculdade de Educação, no campus Barão Geraldo, da Unicamp; no campus Porto Alegre da Unisinos e nas instalações sede do IAC em Campinas, para a realização das atividades de discussão da metodologia de avaliação e dos resultados em workshops com professores, estudantes, gestores da Unicamp e especialistas. Também poderão ser realizadas nestes locais coletas de dados presenciais com estudantes durante a realização do curso. Estas atividades poderão ser realizadas à distância;
  2. Nas dependências do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas no campus Barão Geraldo da Unicamp em Campinas, para o desenvolvimento da metodologia de avaliação e análise dos dados;
  3. À distância por meio de questionários eletrônicos para a coleta de dados primários com os estudantes antes, durante e após a realização dos cursos de mestrado e doutorado;
  4. Nas salas seguras do IBGE no Rio de Janeiro e no INEP em Brasília para a coleta e análise de dados suplementares.

 

POPULAÇÃO A SER ESTUDADA

A população a ser estudada será composta pelo universo de candidatos dos processos de seleção e dos estudantes regulares de dez Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu. A amostra será formada pelos inscritos e matriculados que, convidados a responder aos questionários, manifestarem interesse e participação. A amostra será composta por três grandes grupos: alunos atualmente matriculados, candidatos inscritos e não aprovados nos próximos quatro processos seletivos e alunos matriculados dos próximos quatro processos seletivos.

A tabela 1 abaixo apresenta o número de alunos matriculados, ingressantes e candidatos não aprovados dos Programas de Pós-Graduação selecionados tendo como referência o ano de 2020. A estimativa dos candidatos inscritos não selecionados foi feita tomando o número de ingressantes e multiplicando por um fator de 2,5 anual, extraindo-se os candidatos que foram selecionados e se matricularam.

Com base nestes dados, pode se estimar um universo de 612 matriculados nos cursos de mestrado, 732 matriculados nos cursos de doutorado, 912 ingressantes nos cursos de mestrado, 792 ingressantes nos cursos de doutorado, 1660 candidatos inscritos não selecionados nos cursos de mestrado e 1420 candidatos inscritos não selecionados nos cursos de doutorado, num total de 6128 indivíduos ao longo de 5 anos (Tabela 2).

Estes programas de pós-graduação foram selecionados a partir da manifestação de interesse dos seus coordenadores, a partir da apresentação dos resultados da pesquisa feita desde 2017.

Tabela 1 – Alunos matriculados, ingressantes, concluintes e candidatos não aprovados nos Programas de Pós-Graduação selecionados, 2020

 

Programa de Pós-Graduação

Alunos matriculad os

Estimativa anual de ingressan tes

Estimativa anual de candidatos não

aprovados

Estimati va anual de concluin

tes

M

D

M

D

M

D

M

D

Administração/Unisinos

45

61

20

10

30

15

16

9

Agricultura Tropical e Subtropical/IAC

25

20

20

10

20

2

15

5

Geociências/Unicamp

74

66

21

21

32

32

17

11

Geografia/Unicamp

50

89

21

15

32

23

12

9

Ciências da Nutrição e do Esporte e

Metabolismo/Unicamp

54

55

16

20

24

30

13

1

Engenharia de Produção e de

Manufatura/Unicamp

99

--

44

--

66

--

16

--

Ensino e História de Ciências da

Terra/Unicamp

33

50

13

9

20

14

10

7

Política Científica e

Tecnológica/Unicamp

29

71

13

13

20

20

6

5

Interdisciplinar em Ciências Humanas

e Sociais Aplicadas/Unicamp

38

--

10

--

15

--

11

--

Faculdade de Educação

165

320

50

100

75

150

75

39

Fonte: Unicamp Anuário Estatístico 2021 base 2020. Unisinos: alunos matriculados – Geocapes; alunos ingressantes – edital Processo de Seleção Período Letivo de 2022/1.

 

 

Tabela 2 – Estimativa dos grupos do universo de alunos

 

Grupo

2022

2023

2024

2025

2026

Total

M

D

M

D

M

D

M

D

M

D

M

D

Alunos matriculados

612

732

 

 

 

 

 

 

 

 

612

732

Alunos ingressantes

 

 

228

198

228

198

228

198

228

198

912

792

Candidatos não aprovados

332

284

332

284

332

284

332

284

332

284

1660

1420

Total

944

1016

560

482

560

482

560

482

560

482

3184

2944

 

METODOLOGIA DA PESQUISA

​​​​​​​Desenho da pesquisa

A pesquisa visa continuar o desenvolvimento de uma metodologia de avaliação da experiência dos estudantes no processo seletivo e durante a realização dos cursos de mestrado e doutorado e dos egressos. O desenvolvimento da metodologia será realizado nos Programas de Pós- graduação da Faculdade de Ciências Aplicadas, da Faculdade de Educação e do Instituto de 

Geociências da Unicamp, do Programa de Pós-Graduação em Administração da Unisinos e do Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical e Subtropical do IAC. O estudo de caso terá um desenho longitudinal para acompanhar as coortes compostas pelas turmas de inscritos e matriculados por ano de ingresso em cada programa (mestrado e doutorado).

A participação dos candidatos inscritos e não matriculados se dará em estudos quase- experimentais dentro da pesquisa com vistas a comparar as trajetórias de estudos e profissionais em determinados momentos da pesquisa. A pesquisa utilizará dados primários e secundários. Em relação aos dados primários, serão aplicados questionários em momentos chave da formação, quais sejam:

  1. Questionário de inscrição: a ser aplicado no momento da inscrição para o processo seletivo a cada ano com todos os candidatos;
  2. Questionário de meio termo: a ser aplicado após um ano e meio do ingresso no programa a todos os alunos regulares;
  3. Questionário de saída: a ser aplicado no momento da conclusão ou por ocasião do desligamento por outro motivo com todos os alunos regulares;
  4. Questionário para alumni: a ser aplicado a todos os alunos formados no período anterior à avaliação quadrienal da CAPES e, a partir de então, a cada quatro anos até que os alunos completem 75 anos5.

Os instrumentos cobrem as seguintes dimensões:

  1. Questionário de inscrição: características socioeconômicas; background profissional e de estudos; expectativas em relação ao programa e questões relacionadas à diversidade;
  2. Questionário de meio termo: satisfação com o programa; orientação; desenvolvimento de competências profissionais/ensino/pesquisa; desenvolvimento de competências fundamentais e transferíveis; dissertação/tese; obstáculos para conclusão; saúde mental e bem estar; pandemia; diversidade e inclusão;
  3. Questionário de saída: satisfação com o programa; orientação; desenvolvimento de competências profissionais/ensino/pesquisa; desenvolvimento de competências fundamentais e transferíveis e atualização da caracterização sociodemográfica.
  4. Questionário para alumni: avaliação do curso realizado; atividade profissional; outras titulações/estudos; relação da atividade profissional com o curso realizado; renda média mensal; satisfação profissional; inserção internacional e questões relacionadas à diversidade.

Até o momento já foram desenvolvidos e aplicados no Programa de Pós Graduação em Administração da Unicamp os questionários de Inscrição, Meio Termo e Saída6. Estes serão objeto de adaptação para a aplicação nos novos programas. O questionário para alumni será desenvolvido no período deste projeto.

5 Este desenho de seguir as coortes por um longo período de tempo baseia-se no desenho do survey de portadores de diploma de doutorado (Survey of Doctorate Recipients) da National Science Foundation dos Estados Unidos. Este questionário é aplicado em uma amostra do censo anual de todos os indivíduos que tornam- se doutores em instituições educacionais americanas (Survey of Earned Doctorates), acompanhando sua trajetória profissional desde a obtenção do título até a idade de 75 anos.

6 Estes questionários foram desenvolvidos no projeto Trajetórias discentes do Programa de Pós-Graduação em Administração da Unicamp: avaliação de resultados e impactos (CAAE: 78313417.2.0000.5404). Cabe salientar que os dados identificados desse projeto (CAAE: 78313417.2.0000.5404) serão tratados separadamente do projeto proposto aqui.

 

No caso dos novos programas, que estão sendo incluídos neste momento na pesquisa, será aplicada uma versão adaptada do questionário de meio termo em todos os alunos matriculados. A partir de então, os questionários serão aplicados nos momentos previstos seguindo os ingressantes.

O quadro abaixo apresenta um exemplo dos momentos de aplicação considerando os alunos já matriculados e os que participarem dos processos seletivos para 2023.

 

Quadro 1 – Exemplo dos momentos de aplicação dos questionários

 

Turma

Questionário de inscrição

Questionário de Meio Termo

Questionário saída

de

Questionário alumni

para

Alunos matriculados

 

Novembro 2022

de

Quando     ocorrer saída

a

Dezembro 2025

Candidatos do Processo 2023

Outubro a Dezembro 2022      (dependendo calendário do programa)

de do

--

--

--

Turma 2023

--

Agosto 2024

A partir de Dezembro de 2024 (dependendo do momento das

defesas)

Dezembro 2025

                 

Nota: *Será aplicado um questionário adaptado apenas aos alunos matriculados.

 

 

Além disso, pretende-se realizar entrevistas individuais ou grupos focais com conjuntos de alunos para explorar de forma qualitativa mais aprofundada os aspectos do questionário de saída. Reforça-se que o uso de entrevistas ou grupos focais deverá servir para agregar informações qualitativas que deverão auxiliar na interpretação dos dados dos questionários

Em relação aos dados secundários, estes serão provenientes de:

    1. Registros administrativos da Unicamp, da Unisinos e do IAC para conhecer a população em cada categoria e a situação de matrícula dos alunos e, assim, preparar as coletas de dados primários. Também serão utilizados para análise de evasão, tempo de conclusão, entre outras análises;
    2. Informações públicas disponibilizadas em plataformas acadêmicas e profissionais para complementar a coleta de dados primários em relação às trajetórias de estudos e profissionais, nos casos de não resposta;
    3. Dados interligados e disponíveis nas salas seguras do IBGE e do INEP para complementar a coleta de dados primários em relação às trajetórias profissionais, incluindo-se os candidatos inscritos e não matriculados.

 

​​​​​​​​​​​​​​Etapas

Há dois grandes blocos de procedimentos na avaliação da experiência dos estudantes e das trajetórias profissionais. O primeiro é o desenho da metodologia de avaliação e o segundo sua execução ao longo dos anos nas várias coortes de estudantes.

​​​​​​​​​​​​​​Aperfeiçoamento da metodologia de avaliação

O aperfeiçoamento da metodologia de avaliação AEPTE será realizado por meio das seguintes atividades, que ocorrerão durante o primeiro ano do projeto:

  1. Atualização da revisão da literatura sobre o estudante de pós-graduação e trajetórias profissionais para incluir as novas áreas;
  2. Análise dos objetivos e documentação dos PPGs, bem como da documentação das respectivas áreas de avaliação da CAPES;
  3. Revisão, adaptação e pré-teste dos questionários que já foram desenvolvidos;
  4. Desenvolvimento do questionário de alumni;
  5. Desenvolvimento das rotinas de obtenção, organização e análise dos dados primários e secundários em relação aos novos programas incluídos no escopo do projeto;
  6. Avanço na institucionalização da avaliação nas rotinas dos programas.

Execução da avaliação com o acompanhamento das coortes

A execução da avaliação será realizada ao longo dos anos com o ingresso cumulativo de coortes.

  • Coleta dos dados primários por meio de questionários, entrevistas e grupos focais;
  • Coleta de dados secundários e organização das bases de dados;
  • Análise e discussão dos dados;
  • Apresentação e validação dos resultados da avaliação.

 

CRONOGRAMA

A seguir é apresentado o cronograma da pesquisa em semestres. O período de desenvolvimento deste projeto de pesquisa será de 5 anos. Este é o período que abrange o desenvolvimento da metodologia e aplicação nas primeiras coortes. Após este período, o estudo longitudinal continuará sendo executado pela coordenação do programa de pós.

 

Atividade

2022

2023

2024

2025

2026

Atualização da revisão

bibliográfica

X

 

 

 

 

 

 

 

 

Revisão e aplicação dos questionários já desenvolvidos

para os novos programas

X

 

 

 

 

 

 

 

 

Aplicação dos questionários de inscrição nos novos processos

seletivos

X

 

X

 

X

 

X

 

X

Aplicação dos questionários de

Meio Termo e Saída

X

 

X

 

X

 

X

 

X

Obtenção, organização e análise dos registros administrativos da

Unicamp e da Unisinos

X

X

X

X

X

X

X

X

X

Análise dos dados secundários e

dos questionários

X

X

X

X

X

X

X

X

X

 

 

Atividade

2022

2023

2024

2025

2026

Discussão dos resultados com a comunidade dos programas

X

X

X

X

X

X

X

X

X

Entrevistas ou grupo focal com

estudantes e egressos

 

 

 

X

 

 

 

 

 

Análise consolidada do perfil da demanda de forma comparativa

com o dos ingressantes

 

 

 

 

 

X

 

 

 

Sistematização da metodologia

para institucionalização nos programas selecionados

X

X

 

 

 

 

 

 

 

Desenvolvimento do

questionário para alumni

 

 

 

 

 

X

 

 

 

Aplicação do questionário para

alumni

 

 

 

 

 

 

X

 

 

Utilização das salas seguras do IBGE e INEP com dados

interligados para análise das trajetórias profissionais

 

 

 

 

 

X

 

 

 

Complementação dos dados das

trajetórias profissionais com consultas às plataformas digitais

 

 

 

 

 

X

 

 

 

Análise consolidada dos indicadores de

sucesso/insucesso na conclusão dos cursos e fatores associados

 

 

 

 

 

 

X

X

 

Análise consolidada das trajetórias profissionais dos

egressos dos programas

 

 

 

 

 

 

X

X

 

Sistematização da metodologia de avaliação para utilização por outros programas de pós-

graduação stricto sensu

X

X

 

 

 

 

 

 

 

 

O cronograma será compatibilizado mediante a data de aprovação do projeto no CEP.

 

ORÇAMENTO

Segue descrição do orçamento para a pesquisa.

  • Software para aplicação dos questionários online: SurveyMonkey. Assinatura para 5 anos: R$ 12.400,00.
  • Passagens aéreas para Brasília e Porto Alegre: R$ 4.000,00
  • Diárias para viagens para Brasília e Porto Alegre: R$ 4.400,00

Total: R$ 20.800,00

A pesquisa será financiada inicialmente com recursos próprios, enquanto se busca financiamento externo.

  1. GARANTIAS ÉTICAS AOS PARTICIPANTES DA PESQUISA

O participante tem a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo e nenhuma informação será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de pesquisadores.

Na divulgação dos resultados desse estudo, o nome dos participantes não será citado sem permissão. Não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo se o mesmo não aceitar participar ou retirar sua autorização.

Além disso:

  • O acesso aos dados será realizado apenas pelos pesquisadores, que estão plenamente informados sobre as exigências de confiabilidade;
  • Há o compromisso com a privacidade e a confidencialidade dos dados utilizados preservando integralmente o anonimato e a imagem do participante bem como a sua não estigmatização;
  • Não serão utilizadas informações em prejuízo das pessoas e/ou das comunidades, inclusive em termos de autoestima, de prestígio e/ou econômico-financeiro;
  • Os pesquisadores estabeleceram salvaguardar e assegurar a confidencialidades dos dados de pesquisa;
  • Os dados obtidos na pesquisa serão usados exclusivamente para finalidade prevista no protocolo.

 

Todos os participantes entrevistados serão solicitados a responder o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que será apresentado aos participantes como um Box de informações dentro de cada questionário online. Neste TCLE será solicitada também a autorização para uso dos dados secundários obtidos com as instâncias da Unicamp e Unisinos, dado que estes serão obtidos de forma desagregada e identificada.

Pede-se a dispensa do TCLE para a obtenção e uso dos dados secundários desagregados (obtidos junto à Unicamp e Unisinos) do conjunto de participantes da pesquisa que não responderem aos questionários online. Os dados desses estudantes servirão apenas para a caracterização inicial do perfil dos estudantes, sendo tratados de forma agregada e não havendo identificação dos mesmos na divulgação dos resultados da pesquisa.

Os dados secundários desagregados referentes aos participantes serão obtidos em plataformas de acesso público, incluindo Plataforma Lattes, Linkedin, ResearchGate, Academia, Google Scholar, Biblioteca Virtual da FAPESP, entre outras.

O acesso e uso dos microdados provenientes das salas de acesso a dados restritos do IBGE e INEP seguirão os procedimentos de segurança e anonimato destes ambientes que são bastante restritos. As bases de dados não desidentificados são disponibilizadas com a variável de identificação criptografada, assegurando o sigilo das informações individuais.

CRITÉRIOS       DE       INCLUSÃO       E       EXCLUSÃO       DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA

Serão incluídos na pesquisa os indivíduos que realizarem a inscrição nos próximos processos seletivos dos programas selecionados e que se habilitarem para a seleção. No caso das turmas de processos anteriores, a pesquisa abarcará apenas os alunos efetivamente matriculados.

Serão excluídos todos os indivíduos que se encaixarem nos itens anteriores, mas que relatarem aos pesquisadores algum desconforto ou constrangimento subjetivo em responder aos questionários, mesmo tendo concordado com o TCLE. Não serão incluídos menores de 18 anos.

RISCOS E BENEFÍCIOS ENVOLVIDOS NA EXECUÇÃO DA PESQUISA

Riscos

A pesquisa não envolve danos físicos aos participantes dado que o contato com os participantes se dará de forma remota e só será feito de forma presencial (entrevistas ou grupos focais) quando a situação sanitária relacionada com a pandemia o permitir.

Há dois riscos identificáveis: riscos sociais (no caso de quebra de confidencialidade) e econômicos (por parte da CAPES e do CNPq, no caso do participante bolsista ser identificado e ter cometido alguma irregularidade durante a vigência da bolsa). No entanto, os riscos apontados acima são mínimos, já que as informações dos questionários serão divulgadas de forma agregada, não sendo possível identificar os respondentes nos resultados divulgados.

No caso das entrevistas ou grupos focais realizadas, a quebra de confidencialidade poderia levar a riscos sociais (tais como discriminação e estigma social) e econômicos (problemas de elegibilidade para futuros cargos). No entanto, é importante ressaltar que esses riscos também são mínimos, pois: 1) não serão realizadas citações diretas na pesquisa, a não ser se autorizadas pelos participantes; e 2) os respondentes não serão identificados sem sua devida permissão.

Também é mínimo o risco de vazamento dos dados primários desagregados e secundários, já que os mesmos poderão ser acessados somente pela equipe de pesquisadores, e seu armazenamento será protegido por senha.

Se o número de respondentes for baixo o suficiente para a identificação dos mesmos nas análises agregadas, a equipe de pesquisa será cautelosa no trato e na divulgação das informações, de modo que seja respeitada a confidencialidade dos participantes e para que não haja comunicação inapropriada dos resultados da pesquisa.

Haverá substituição de procedimentos no caso de o Comitê de Ética julgar necessário.

Além disso, é importante ressaltar que não há população vulnerável identificável dentre os participantes.

Benefícios:

A participação na pesquisa não acarretará em benefícios diretos ao participante. No entanto, a pesquisa poderá auxiliar indiretamente no processo de reflexão dos participantes com relação a sua experiência nos PPGs. Em adição, ao fornecer informações sobre sua experiência com os programas, o participante estará contribuindo para a realização de estudos avaliativos sobre a pós-graduação stricto sensu no Brasil. Este conhecimento estará à disposição tanto dos pesquisadores da área, quanto da administração da Unicamp e da Unisinos para a realização de diagnósticos e elaboração de medidas para a melhoria do aprendizado institucional e aperfeiçoamento da pós-graduação na universidade. Assim, os riscos mínimos são aceitáveis em relação aos benefícios antecipados e em relação ao conhecimento que será gerado com a pesquisa.

CRITÉRIOS    DE    ENCERRAMENTO    OU   SUSPENSÃO    DE PESQUISA

Os critérios para suspender ou encerrar a etapa empírica da pesquisa são de ordem operacional: caso haja um grande número de recusas dos sujeitos selecionados em participar do estudo, ou seja, não haja anuência por parte da população-alvo em participar respondendo os questionários, inviabilizando a constituição de uma amostra estatisticamente viável, será possível rediscutir o delineamento do projeto.

No caso de o participante desistir de participar da pesquisa, suas informações serão imediatamente descartadas e removidas da análise.

RESULTADOS DO ESTUDO

Os resultados esperados da pesquisa são:

  • Avanço do conhecimento sobre a experiência estudantil e trajetórias profissionais na pós-graduação stricto sensu;
  • Subsídios para o aprimoramento dos processos de acompanhamento de egressos dos programas de pós-graduação;
  • Apoio às Comissões de Pós-Graduação para melhoria do aprendizado institucional e aperfeiçoamento dos programas de mestrado e doutorado;
  • Elaboração de artigos para revistas científicas e para apresentações em eventos

 

DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS

A equipe da pesquisa tem interesse não apenas em apresentar os resultados científicos do estudo, mas também debater os resultados obtidos com os agentes envolvidos na pesquisa e os stakeholders dos programas. Os resultados serão apresentados e debatidos nos seguintes fóruns:

  • Para as Comissões/Coordenações de Pós-Graduação;
  • Em apresentações para professores, estudantes e demais stakeholders dos programas;
  • Paralelamente a esses eventos, os dados serão divulgados por meio de artigos científicos, apresentações em congressos, e em formato eletrônico no Facebook e na página do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Politicas Publicas (NEPP).

Em todos os tipos de divulgação, a pesquisadora responsável encaminhará os resultados da pesquisa com os devidos créditos aos autores.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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