| Atualizado em 18/07/2023 - 09:44 Notícia

Diretor da Faculdade de Educação escreve à Carta Capital e realiza live em resposta à fala de Eduardo Bolsonaro

Em matéria à revista Carta Capital, o Diretor da Faculdade de Educação, Prof. Dr. Renê Trentin, escreveu a respeito da fala do deputado Eduardo Bolsonaro, realizada no último dia domingo 9, quando esse comparou professores a traficantes ao discursar em ato pró-armamento na Esplanada dos Ministérios. Segundo a fala do deputado, a “doutrinação” nas escolas seria uma atividade “ainda pior” que o aliciamento de jovens para o tráfico, na medida em que o professor seria um “provocador de discórdia” em famílias, fazendo com que os alunos enxerguem “opressão em toda relação”, isto é, entre os membros da família: pai e mãe, mãe e filho, entre outros relacionamentos. 

Diante de abjeta fala, o professor Renê fez questão de ressaltar em matéria que Eduardo Bolsonaro, mais uma vez, centrou sua atenção e ataque aos professores e à Educação Pública de forma ampla, na promoção de manifestações de ódio aos educadores como parte das práticas constituintes do bolsonarismo, corrente política que ignora ou trata com cinismo a realidade dos profissionais de ensino.Como destaca Trentin, caso o deputado estivesse estritamente preocupado com alguma configuração da doutrinação enquanto um problema, certamente não haveria sido apoiador de escolas cívico-militares ou os modelos paramilitares, que carregam uma doutrina de extrema direita notadamente reconhecida.

Por outro lado, Renê Trentin, acentua na live concedida à Carta Capital (a qual pode ser acessada no final desta página), como a manutenção das escola cívico-militares por parte de governadores bolsonaristas é um esforço da extrema direita que visa a constituição de seu próprio modelo escolar enquanto estratégia de produção de consenso em torno de um projeto político e econômico para a sociedade brasileira, orientado por uma ideologia reacionária combinado à ordem econômica neoliberal. Ou seja, a disciplina militar e acrítica, junto a inculcação de valores conservadores é o que Eduardo Bolsonaro almeja alcançar a partir de seus ataques àquilo que denomina "doutrinação dos professores". De igual forma, o parlamentar era a favor da instalação do projeto de lei que previa ensino domiciliar, o qual favorecia pautas conservadoras de ensino com base no fundamentalismo religioso. 

O diretor ainda citou, ao contrário do que Eduardo Bolsonaro afirma defender, que o deputado é exemplo de ativo e fervoroso praticante de discurso que costumeiramente incita medo e negatividade a temas como comunismo, à diversidade de gênero, aos novos arranjos familiares, às religiões de matriz africanas. Operando desse modo, manteve suas atividades ao longo de todo mandato, instigando notícias falsas, a fim de incentivar a indústria armamentista, difamar opositores e, finalmente, favorecer seus próprios interesses ideológicos.

Para Eduardo Bolsonaro, a escola enquanto instituição e espaço que propicie, tão logo, o pensamento crítico, científico e autônomo, parece ser o maior problema. Pois, nas palavras do Diretor, o que o deputado teme principalmente é “a vivência dos valores democráticos e do respeito à diversidade; a defesa da natureza e da vida de todos os seres do planeta; uma escola que forme cidadãos plenos, capazes inclusive de questionar os fundamentos da sociedade desigual e opressora em que vivem”. Para o professor Renê Trentin, o ódio expresso por Eduardo Bolsonaro revela tão somente um “pavor que toda mente totalitária sente da força da cultura e da educação”, cuja efeito na sociedade é um entrave para o projeto e ideário neofascistas projetados pelo bolsonarismo.

Seguem os links para conferir na íntegra a live à Carta Capital e a matéria publicada no jornal:

O ódio de Eduardo Bolsonaro aos professores é a expressão do pavor de toda mente totalitária – Opinião – CartaCapital

GOVERNADORES BOLSONARISTAS CONTRARIAM O MEC E VÃO MANTER ESCOLAS MILITARIZADAS | Fechamento AO VIVO - YouTube