Lucas Ferreira | Atualizado em 03/06/2022 - 14:51 Notícia

Divulgação do recém lançado dossiê “Esse lugar, que não é meu?”

O recém lançado dossiê “Esse lugar, que não é meu?” é associado a dois projetos de pesquisa, “Currículos, refúgios e restos: imagens aprendentes e media-ção” com apoio financeiro do CNPq e “Divulgação do conhecimento, comunicação de risco e educação para a sustentabilidade” apoiado pelo INCT CNPq, CAPES e FAPESP.

O editorial abaixo foi extraído da página do climacom.

Este dossiê surgiu de urgências postas pelas intrusões de Gaia, da necessidade de re-imaginar a forma como têm acontecido os agenciamentos das nossas relações tanto com a nossa espécie, como com as demais. O que aponta no horizonte é que novas formas de estar no mundo sejam experimentadas. Diante disso, a nossa proposta nesse dossiê foi desemaranhar os novelos que tecem nossas relações e, nessa tessitura, criar redes que sejam abertas a outras sensibilidades.

O inqualificável da situação e o do tempo, postos juntos neste Dossiê, fazem uma certeza, a única certeza, a do fim: fim dos mitos, fim das identidades fixas, fim do tempo das coisas imóveis. Instaura-se o pensamento impensado do tempo, que liga a figura da certeza ao modo do desaparecimento. Isso nos ensina Rancière. E, uma vez mais, podemos articular o fim de um ciclo que ordena a humanidade e seus direitos em um jogo de estabilizações e normativas, para a constatação de o que se vê em toda parte, certamente, é o que não é mais, é porque não é mais. São fluxos, deslocamentos, rasuras e linhas que desenham outros ciclos, sobrepostos e rearrajandos. Pegadas ainda invisíveis de um caminhar a ser feito; as pegadas sem os pés que deixaram as marcas. As produções, em escrita, imagens e sons, acadêmicas e artísticas, são forças neste movimento de camadas em fluxos e em movimentos constantes. Quais estruturas serão mantidas? Que lugares-outros constituirá?

A necessidade da migração ou frente à imposição daqueles que sentem as pressões ambientais, culturais, sociais, mas não têm como deixar seu lugar, é complexa e precisa de encontros. Isso porque o encontro deveria ser sempre da ordem do imprevisível, sempre capaz de provocar mudanças sem que nada o balize a priori. Nesse sentido, os textos e produções artísticas deste dossiê são fluxos que correm por entre as pluralidades que circundam questões relativas aos modos de se seguir existindo como refugiados. Há toda uma lógica de subjetividades que transborda nesses encontros, e o dossiê deseja inaugurar outros gestos, propor a instauração de novas existências.

Trata-se de um pluriverso de possibilidades, compondo-se com esses movimentos e com aquilo que eles despertam ou fazem despertar a partir desse encontro. Embalados por esse movimento de deslocamento dos lugares e do pertencimento e da posse de suas percepções e sentidos, somos grates a todes que aceitaram nosso convite para essa composição, ao mesmo tempo em que sonhamos com as linhas intensivas para todes os que ainda viverão um encontro com o dossiê.

Editores | Fabíola Fonseca, Adriana Assumpção e AC Amorim

Projetos | Projeto de pesquisa “Currículos, refúgios e restos: imagens aprendentes e media-ção” (Processo CNPq – 425691/2018-7) | Tema Transversal “Divulgação do conhecimento, comunicação de risco e educação para a sustentabilidade” do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC 2a. Fase) – (Chamada MCTI/CNPq/Capes/FAPs nº 16/2014/Processo Fapesp: 2014/50848-9)

Pós-graduação | Programa de Pós-graduação em Educação da Unicamp, Mestrado em Divulgação Científica e Cultural da Unicamp e Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Estácio de Sá – PPGE/UNESA


Confira as seções do dossiê acessando o link abaixo:

"Esse lugar, que não é meu?"

 

Stephanny dos Santos Nobre, Graduanda em Licenciatura em Ciências Biológicas/ Unicamp. Bolsista SAE/Unicamp no projeto Imagens, palavras e as representações dos e sobre refugiados na cidade de Campinas
Stephanny dos Santos Nobre, Graduanda em Licenciatura em Ciências Biológicas/ Unicamp. Bolsista SAE/Unicamp no projeto Imagens, palavras e as representações dos e sobre refugiados na cidade de Campinas