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Ubirajara Alencar Rodrigues |
Atualizado em 11/12/2020 - 07:58
Notícia
Drops Bibliográficos: Maldições de monges para proteger os livros, ao modo medieval
Por Victor De Sepausy
A reprodução de manuscritos pelos monges copistas dependia de um trabalho de titã. Horas e dias passados a retomar cuidadosamente os sinais e símbolos, conferindo às obras um valor inacreditável. Para proteger os livros dos ladrões, os monges tinham desenvolvido então feitiços, prometendo mil mortes e sofrimentos . . .
No livro de Marc Drogin, Anathema ! Medieval Scribes and the History of Book Curses, são mostradas assim as maldições lançadas pelos monges. Se alguém tivesse a infelicidade de por as mãos sobre uma obra, de danificá-la ou roubá-la, expunha-se então às cóleras do inferno.
No menu, morte lenta e dolorosa, excomunhão – não comungar, e na época isso causava forte impressão... – ou ainda castigos garantidos nesse e no outro mundo. Para o roubo de um livro, por exemplo, podia-se arriscar ser cortado em dois pela espada de um demônio, ter as mãos decepadas, os olhos vazados ou terminar, seguramente, no fogo e no enxofre do inferno...
« Essas maldições eram os únicos meios de proteger os livros. Felizmente, era uma época em que as pessoas tinham crença nisso. Se você rasgasse uma página, você poderia morrer com imensas agonias. E ninguém correria esse risco», explica o autor.
Publicado pela primeira vez em 1983, o livro relata, em latim evidentemente, as piores atrocidades:
Si quis furetur,
Anathematis ense necetur.
Tradução:
Que a espada do Anatema rache
Aquele que roube esse livro
Mas muitas outras existem, às vezes mais evocadoras:
Qui te furetur, in culum percutietur. (não é necessário traduzir, é muito claro, será preciso cuidar de suas nádegas...)
Na lista, esperando também a fritura, vivo, as doenças e as febres. Ou ainda o enforcamento. Também é possível ver seu corpo, ou uma parte, transformado em tal ou tal animal, assim como ter devoradas as entranhas por um verme ...
Os escribas eram manifestamente muito criativos na matéria, sempre ingenuamente, de boa-fé, por que uma sólida e imponente maldição poderia causar bom efeito e ter algo de dissuasivo...