Roberta Rabello Fiolo Pozzuto | Atualizado em 11/12/2020 - 07:58 Notícia

Educação Integral - movimentos, lutas e resistências

Educação Integral e Ponto de Cultura

Nós vivíamos dinâmicas de construir/estimular redes de aprendizagens através de relações (.i.) de curiosidade, que requer às ciências em pesquisa, (.ii.) de solidariedade que lembra a ética, aquele “deixar-se afetar” pelo Diferente e (.iii.) do gosto, fruição e harmonia do belo-bonito-agradável aos sentidos.

Neste dinamismo “definíamos” educação como participação cultural tendo em vista estimular percepções e controles: pela organização plástica, pelo arranjo expressão formal, pela complexidade tonal e por várias dimensões como calor, espessura, lisura, acústica, ritmo, sincronia... enfim, expressões que qualificam os impulsos motores e realçam a cumplicidade do aprendiz com (.i.) o nascimento das formas, (.ii.) a criação de participar, tentar, testar, elaborar hipóteses...

O espaço escola e os espaços comunitários convergiam, irradiando sínteses. Espaços e momentos convergiam em experiências de trabalho e de democracia. É preciso toda uma Aldeia para educar uma criança. Este provérbio africano ilustra o que tínhamos como horizonte..

Diversas e articuladas linguagens nos permitiam qualificar o “simples espaço” transformando-o em ambiente de aprendizagem. Entendíamos que a produção de conhecimentos, necessária para reconhecer ambientes, estava nas articulações entre saberes institucionalizados (disciplinarizados) e saberes das expressões culturais. Tal aprendizagem incorpora contextos e ambientes foram sendo reconhecidos como mundo. Ali os diferentes tempos/calendários fluíam. O tempo biológico não se resume e não se esgota na seriação... ele se complementa com o tempo sociocultural. Pode-se energizar (sinergia) este fluxo permanente entre perspectiva estética, protagonismo político e curiosidade científica: espaços (de individuação e subjetividade) se qualificando como ambientes (do coletivo local) se reconheciam como mundo (um coletivo amplo). Articular saberes em sua complexidade de relações enseja uma sinergia, na busca de equivaler educação comunitária e educação escolarizante. Era mais do que ampliar a jornada escolar, buscávamos resignificar à lógica dos turnos.

Interações/expressões favoreciam a cada aprendiz reconhecer a forma das emoções no dinamismo integrador da cognição, organizando uma visão integral de fenômenos e objetos e assim amadurecendo um fio-condutor em que o aprender constitui sujeitos. Tal experiência desnecessita aquela indução coerciva pela qual se impõe atitude emocional prévia à percepção.... as interações não são preestabelecidas, currículo não é roteiro, planejamento não significa antecipar preocupações com metas e resultados.

Algumas referências em quem nós nos reconhecíamos: Anísio Teixeira, na experiência de 1940 no Centro Carneiro Ribeiro –Bahia, e nas Escolas Parque –Brasília, 1960; Darcy Ribeiro, nos Centros CIEP do Rio de Janeiro, anos 80 e Paulo Freire, uma vida. Quem éramos nós?. Os que vivíamos assim aprendendo éramos (e ainda somos) um Ponto de Cultura denominado Invenção Brasileira. Desenvolvíamos projetos de expressão cultural junto com (e dentro) de projetos pedagógicos de escola nos quais relações de expressão cultural eram mediatizadas e midiatizadas por uma proposta curricular. Éramos parte do Programa CULTURA VIVA, parceiro da Educação Integral no MAIS EDUCAÇÃO. Política de Estado, Ministérios da Educação, da Cultura, dos Esportes, da Comunicação, do Meio Ambiente e do Trabalho.

Adriano Nogueira/Chico Simões, no Carnaval 2018

 

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Educação Integral - movimentos, lutas e resistências

Organizadoras: Nima I. Spigolon, Crislaine Modesto, Débora Mazza & Elaine Ferraz

Editora: Navegando

Disponível em meio impresso e digital

Download gratuito (https://www.editoranavegando.com/livro-educacao-integral)

DOI – http://dx.doi.org/10.29388/978-85-53111-62-6-0-f.199-237