A Faculdade de Educação da Unicamp (FE-Unicamp) articulou o Convênio de Cooperação entre a Unicamp e a Universidade Pedagógica de Maputo (UPMaputo), Moçambique, assinado na última quarta-feira (19/02), na sede da Diretoria Executiva de Relações Internacionais (Deri), pelo reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, e o vice-reitor da UPMaputo e professor titular da cátedra de filosofia africana, José P. Castiano, representando o reitor Luís Jorge Manuel António Ferrão, respectivamente, na presença da Diretora da FE, Debora Jeffrey.
A cerimônia também foi realizada por videoconferência, com o reitor e a equipe da UPMaputo, na sede da universidade que é referência em licenciaturas no país moçambicano, e o diretor de Educação à Distância (EAD) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Antonio Carlos Rodrigues de Amorim, de Brasília, além do assessor da Deri, Rafael Dias, presidindo a solenidade e representando o diretor do órgão, Osvaldir Pereira Taranto.
O presente acordo firmou a cooperação acadêmica, por meio de projetos de pesquisa em comum e do intercâmbio de docentes, pesquisadores, estudantes de pós-graduação e graduação, com o reconhecimento dos resultados acadêmicos e dos créditos obtidos na universidade parceira, além da participação de membros técnico-administrativos de ambas as instituições.
O reitor da Unicamp enfatizou a importância da parceria internacional, destacando que a aproximação com países da África é essencial para a universidade. “Precisamos estreitar essa relação Sul-Sul e aumentar nosso poder de atuação global. Este século será marcado pelo protagonismo da África e da Ásia, e a Unicamp quer fazer parte dessa transformação”, declarou Meirelles, ressaltando que convênios como esse são essenciais para ampliar ações colaborativas e promover a troca de conhecimento entre as instituições.
Em seu momento, o reitor Jorge Ferrão, também celebrou a parceria, lembrando da longa história de proximidade entre Brasil e Moçambique. “O Brasil foi um dos primeiros países a reconhecer a independência de Moçambique, e agora, ao celebrarmos quase 50 anos dessa independência, reafirmamos nossa colaboração acadêmica. Esse acordo representa um marco na cooperação internacional e contribuirá significativamente para o intercâmbio de saberes entre nossos países”, afirmou Ferrão.
O vice-reitor da UPMaputo, reforçou a importância da mobilidade acadêmica como ferramenta de desenvolvimento para os estudantes. “Farei o que estiver ao meu alcance para garantir que nossos estudantes e pesquisadores possam aproveitar ao máximo essa oportunidade. A Unicamp tem uma tradição de excelência em várias áreas, e queremos fortalecer essa colaboração para além da assinatura do acordo”, pontuou.
Jeffrey destacou a relevância histórica desse convênio e a necessidade de fortalecer as relações acadêmicas entre Brasil e Moçambique. “Este acordo é um marco para a nossa universidade. Representa um retorno ao continente africano e um compromisso com a educação afrocentrada. Com 32% dos nossos estudantes sendo afrodescendentes, estamos respondendo a uma demanda crescente da comunidade acadêmica por maior representatividade e reconhecimento das epistemologias africanas”, explanou.
A diretora da FE também mencionou que o convênio se soma a outras iniciativas já em andamento desde 2019 na Universidade, reforçando o compromisso da Unicamp com a diversidade e a inclusão. “Este acordo é mais um elemento essencial para garantir a representatividade da população negra, tanto aqui no Brasil quanto em diálogo com referências, como o Prof. Castiano, um filósofo de grande relevância na África”, disse.
Amorim também celebrou a formalização do convênio, destacando que a iniciativa está alinhada às políticas atuais da instituição, especialmente em relação à cooperação com países africanos. “Nossa meta é fortalecer parcerias tanto em modalidades presenciais quanto virtuais, possibilitando trocas acadêmicas e culturais significativas”, salientou o diretor, que lembrou de financiamentos de projetos de intercâmbio com Moçambique, beneficiando estudantes e professores, e parabenizou a Unicamp e a UPMaputo pela parceria.
Também participaram da solenidade pela Unicamp: o pró-reitor de Graduação, Ivan Toro; o assessor docente Elias Basile Tambourgi, representando a pró-reitora de Pós-Graduação, Rachel Meneguello; o assessor docente José Luiz da Costa, representando o pró-reitor de Extensão, Esporte e Cultura, Fernando Coelho.
Na equipe da FE presente à cerimônia estiveram: a coordenadora de Pós-Graduação, Cristiane Machado – que contribuiu para a formalização do acordo de cooperação –, a vice-coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab), Elisabete Figueroa dos Santos, representando a coordenadora do núcleo, Carmen Veríssima Halder; a coordenadora técnica de unidade, Tassiane Bragagnolo, e a assistente técnica de apoio à Extensão, Juliana Marques. Também esteve presente Daniel Cantinelli Sevillano, assistente de Cooperação Internacional da Deri.
Na equipe moçambicana (po videoconferência) participaram: o diretor de Finanças, Manuel Zunguze; o vice-reitor de Administração e Recursos, Gustavo Dgedge; a diretora de Cooperação, Sarita Henriksen; a Diretora do Gabinete do Reitor, Leonilde Mouzinho; a Assistente do reitor, Alcinda Bulo; a Assistente do Vice-reitor para Área Acadêmica, Stélia Muianga e a Assistente do Vice-Reitor para Administração e Recursos, Madalena Coffe.
Confira a notícia no Portal da Universidade Pedagógica de Maputo.
Seminário concentrado da Pós-Graduação abordou Filosofia Africana e diálogos com afrobrasilidades
O seminário especial concentrado “Bantu, Munthu, Ubuntu e o Intermunthu: categorias para um diálogo com as filosofias afrobrasileiras”, uma das ações complementares ao convênio entre a Unicamp e a Universidade Pedagógica de Maputo (Moçambique), ocorreu entre os dias 18 e 21 de fevereiro, de forma híbrida e com transmissão ao vivo pelo canal da FE/Unicamp.
As aulas, ministradas pelo professor visitante, vice-reitor da UP- Maputo, o filósofo José Paulino Castiano), tiveram como objetivo promover uma reflexão crítica sobre a filosofia moderna e iluminista, que historicamente se colocou como centro de autoridade para definir uma visão universal da cosmovisão e da historicidade humana.
A partir de categorias como Bantu, Munthu, Ubuntu e Intermunthu, o professor Castiano explorou as filosofias africanas e seus diálogos com as afrobrasilidades, destacando a reemergência do sujeito africano como protagonista de sua historicidade, eticidade e epistemicidade. O foco central foi a condição do Inter-Munthu como base para diálogos diaspóricos e interculturais, especialmente com as africanidades afrobrasileiras.
A iniciativa buscou ampliar o debate sobre as lutas contemporâneas e futuras, partindo das ancestralidades e passados compartilhados, mas com olhos voltados para as transformações necessárias no presente e no futuro. O seminário contou com 15 horas de atividades, distribuídas ao longo de quatro dias, e ofereceu 50 vagas para estudantes regulares e 50 vagas para estudantes especiais, todas preenchidas.
A realização do Seminário Concentrado reforçou o compromisso da FE/Unicamp com a promoção de discussões acadêmicas que abordem temáticas relevantes à educação das relações étnico-raciais, contribuindo para a construção de um pensamento crítico, a efetivação do direito à educação e a representatividade.
Comunicação Institucional - FE/Unicamp
Pesquisa e redação: Erika Blaudt
Revisão: Giovanna Romaro
Imagens: Lúcio Carmago (SEC-Unicamp) e Robson Sampaio