Juliana Marques Lourenço | Atualizado em 28/10/2021 - 16:23 Notícia

FE divulga Carta Manifesto sobre a notícia da agência FAPESP sobre a ausência de pesquisas para embasar as políticas educacionais no Brasil

Faculdade de Educação da Unicamp divulga Carta-Manifesto apresentada pelo Departamento de Políticas, Administração e Sistemas Educacionais (DEPASE) sobre a notícia da agência FAPESP de 21 de outubro de 2021 sobre a ausência de pesquisas para embasar as políticas educacionais no Brasil, que foi aprovada através da Deliberação Congregação nº 254/2021, na 357ª Reunião Ordinária da Congregação da FE, realizada em 27/10/2021.

Confira abaixo:

Carta manifesto sobre a notícia da agência FAPESP de 21 de outubro de 2021 sobre a ausência de pesquisas para embasar as políticas educacionais no Brasil.

O Departamento de Políticas, Administração e Sistemas Educacionais (DEPASE), manifesta-se acerca do fato de que a agência FAPESP noticiou em 21 de outubro de 20211a ausência de pesquisas para embasar as políticas educacionais no Brasil.

Em primeiro lugar, cabe destacar o quanto as ciências humanas são preteridas pelas agências de fomento no financiamento de estudos e pesquisas. Ainda assim, nós pesquisadoras e pesquisadores da educação realizamos, com recursos ínfimos, importantes estudos que são sistematicamente negligenciados pelo poder público, possivelmente em razão de não aportar as respostas esperadas por defensores de políticas de caráter neoliberal que anseiam: ampliar a precariedade nas relações de trabalho; degradar as condições de trabalho, de forma a construir um cenário propício à privatização endógena e exógena.

Os pontos destacados na matéria atestam profundo desconhecimento acerca da produção científica da área. Um breve levantamento apenas das pesquisas financiadas pela própria Fapesp - que, acertadamente, avalia com alto grau de exigência as submissões e respectivos desenvolvimentos dos estudos – seria um indicativo da vasta produção produzida por estudiosos da educação. E, seria igualmente suficiente para identificar o uso intenso de dados e documentos oficiais produzidos pelos órgãos competentes. Sim, os indicadores têm problemas e em nossas análises apontamos e difundimos recorrentemente formas de aprimorar a coleta e a sistematização, com vistas a aprimorar as políticas públicas. Um dos palestrantes afirma: “para o pesquisador, muitas vezes a razão para não usar os dados gerados é que eles podem desagradar, contrariar interesses estabelecidos e percepções bastante rígidas”. Tal comentário carece de fundamentação e não corresponde à realidade, revestindo-se, portanto, de um caráter leviano, possivelmente com o objetivo de abalar a credibilidade da pesquisa feita nas instituições públicas.

Ora, cabe indagar em que medida a universidade pública, os estudos e pesquisas são considerados no debate da política educacional? O poder público e a mídia privilegiam dar voz aos institutos e fundações privadas, a exemplo da que participa o mediador do debate realizado, o Instituto Ayrton Senna.

A área defende a educação pública, laica e socialmente referenciada e provavelmente por essa razão sofre tentativas de desqualificá-la. Ponderamos ser inaceitável que o Secretário da Educação desconheça o acúmulo de estudos na área, em particular aqueles financiados pela FAPESP.

Esse debate precisa ouvir o outro lado da história!

 

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