Naiana Mirele | Atualizado em 09/05/2024 - 13:47 Notícia

Jardim dos Saberes Ancestrais

No último dia 12 de abril, a comunidade universitária se reuniu para celebrar a inauguração do Jardim dos Saberes Ancestrais, localizado na Faculdade de Educação (FE). Esse espaço foi concebido com o objetivo de preservar e promover a rica herança cultural dos povos indígenas e de matriz afro-brasileira.

A realização deste evento foi possível graças ao empenho e colaboração de diversas entidades e profissionais envolvidos, bem como da comissão organizadora, liderada pelas professoras Alik Wunder, Carmen Lucia Rodrigues Arruda e Chantal Medaets, que foi fundamental para o planejamento e execução deste evento tão significativo para a comunidade universitária.

  • Comissão Assessora para a Inclusão Acadêmica e Participação dos Povos Indígenas
  • ADunicamp - Associação de Docentes da Unicamp
  • DCult/ProEC - Diretoria de Cultura da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Unicamp
  • FE - Faculdade de Educação da Unicamp

O evento de inauguração foi marcado por uma série de atividades artísticas e culturais, proporcionando à comunidade acadêmica uma oportunidade de conhecer as tradições ancestrais. 

A expectativa é que esses espaços se tornem locais de referência na promoção da diversidade cultural e na valorização do conhecimento ancestral dentro da universidade. Com a abertura oficial desses espaços, a comunidade acadêmica se comprometeu a manter viva a chama da tradição e a promover um ambiente de respeito, inclusão e aprendizado mútuo. O Jardim dos Saberes Ancestrais está agora aberto para todos os que desejam se conectar com as raízes culturais que moldam nossa identidade como sociedade.


Acompanhe as palavras da profa. Alik Wunder sobre o Jardim dos Saberes Ancestrais.

Como a professora acha que o espaço impacta na vida da comunidade da FE?

O Jardim dos Saberes Ancestrais foi sonhado e imaginado pelos estudantes indígenas em 2021 e 2022, quando ainda estávamos nos cuidados da pandemia da Covid 19. Realizamos durante este ano nossos encontros do Projeto Bolsa Auxílio Social "Livros Vivos: saberes Indígenas, saberes vegetais"para diminuir os riscos de contágio e podermos ficar sem máscara. Desse convívio semanal com este jardim foram surgindo as ideias de fazermos um espaço com redes embaixo das árvores, um espaço para encontros, vivências, aulas e também para descanso.  Levamos a proposta à direção, ao diretor da época Prof. René, que logo acolheu o projeto. Passamos os anos de 2022 e 2023 elaborando a proposta, dialogando com professoras e professores e escrevendo projetos de financiamento. Finalmente ,ao final de 2023 conseguimos aprovar um projeto no Prêmio Dcult de Atividades Culturais (enviado em meu nome) e iniciar as obras. Foram 2 meses de reforma para a instalação dos troncos e pedras junto com a equipe de Administração Predial e mais 2 meses de pinturas dos grafismos pelos estudantes indígenas e estudantes negras e negros da Unicamp. 

A história do nascimento do Jardim mostra que a ocupação cotidiana dos jardins e espaços externos da faculdade, possibilitou uma intimidade com as árvores do lugar e imaginação/criação de um espaço as suas sombras. Isso foi um impacto em nós que se desdobrou na criação coletiva do Jardim dos Saberes Ancestrais, um lugar que em pouco tempo de existência já impacta a vida da comunidade da FE. Semanalmente, desde a sua inauguração no dia 12 de abril de 2024, o jardim tem sido ocupado por estudantes, servidoras e servidores, docentes e comunidade externa. É usado para descanso, reuniões, conversas. Também tem acontecido muitas aulas, diurnas e noturnas, com o uso das 9 redes compradas por projetos de extensão das professoras: Chantal Medeats, Kelly Sabino, Alik Wunder e Malu Arruda. Turmas de crianças da Dedic tem usado espaço assim como turmas de disciplinas de graduação de outras unidades. Um impacto a nós que pensamos o projeto, muito inusitado. Acredito que todas. todos nós estamos sentindo a necessidade de sair das 4 paredes, sentir o sol, a sombra, o vento e partilhar a nossa vida com outros seres viventes. Vejo como uma necessidade coletiva dos nosso tempos.

A professora poderia comentar um pouco sobre as artes que compõem o espaço?

Cada tronco foi criado por um coletivo de estudantes pertencentes a um povo, conjunto de povos ou a um coletivo. A maior parte traz grafismos ancestrais de povos indígenas, povos africanos e também desenhos que presentificam as culturais afro-diaspóricas brasileiras. Também há obras, em especial nos bancos, de povos originários da Índia (povos Hindu), Japão (povo Aino), povos ciganos, povos andinos e amazônicos fora do território brasileiro. Os artistas e artistas são todos estudantes de graduação e pós da Unicamp, que trouxeram imagens de suas ancestralidades. Os povos indígenas são: Kuikuro, Wauja, Tukano, Dessana, Tikuna, Guarani Mbyá, Kaiowá, Aymara, Atikun, Pankará, Kariri-Xocó, Kaingang, Terena, Baré, Baniwa, Yawánawa. 

Cada artista e coletivo traz imagens que contam histórias ancestrais muito significativas para suas comunidades.

O Jardim ficou uma instalação viva, colorida e multiétnica para celebrarmos essa diversidade e essas potentes diferenças que compõem a Unicamp hoje, devido ao Programa de Cotas Etnico-raciais aprovado em 20017. É a potência dos encontros na diferença que esta grande obra coletiva celebra, e é uma alegria ter realizado isso na nossa Faculdade.


Veja a galeria de fotos do evento pelo link abaixo:

https://www.fe.unicamp.br/galerias/inauguracao-do-  jardim-dos-saberes-ancestrais-da-fe

Acesse também a notícia no site da ProEC:

https://www.proec.unicamp.br/jardim-e-casa-dos-saberes-ancestrais-foram-inaugurados-no-ultimo-dia-12/