Tassiane Bragagnolo | Atualizado em 03/10/2023 - 21:32 Notícia

Nota de Repúdio da Faculdade de Educação à violência na Unicamp

A Direção da Faculdade de Educação lamenta profundamente e repudia com veemência toda e qualquer ação violenta praticada dentro da Unicamp, por quem quer que seja, contra os membros da comunidade universitária.

 O episódio particular ocorrido hoje, envolvendo um docente e estudantes em greve, é gravíssimo e requer apuração rigorosa e providências imediatas para garantir a segurança da comunidade universitária.

 A Universidade é, antes de tudo, um espaço de ensino em que todos os segmentos – docentes, estudantes e servidores técnico-administrativos – são educadores e educadoras, educandos e educandas.

 O principal instrumento dessa educação é o diálogo que, como ensina Paulo Freire, para ser autêntico, exige, de ambas as partes, entre outros requisitos: reconhecimento de que a palavra é um direito de todos e não privilégio de poucos; humildade para saber-se inconcluso, imperfeito e renunciar à arrogância, à autossuficiência, à onipotência e à alienação da ignorância (que é a atitude de vê-la sempre no outro); intensa fé nas pessoas e em sua capacidade de pensar, saber, fazer e criar, o que, aliás, é uma condição a priori para o diálogo, sem a qual ele se torna uma farsa; confiança mútua, estabelecida em uma relação horizontal, necessária para que as pessoas se expressem com segurança e liberdade.

 Ora, não há espaço mais propício para o exercício desse diálogo educativo do que a Universidade, ainda mais nos dias atuais, em que ela se torna cada vez mais diversa e cultural e epistemologicamente rica. Nunca o diálogo foi tão necessário e promissor como agora.

 É, portanto, inaceitável que, sobretudo aqui, no interior da Unicamp, mas também em qualquer outro lugar de um país que se pretenda democrático, que diferenças políticas, ideológicas e culturais sejam alvo da intolerância, do sectarismo e da violência de qualquer espécie.

 A FE se solidariza com todas as vitimas e reitera, mais uma vez, seu compromisso com a defesa da democracia e da liberdade de pensamento e expressão, bem como sua convicção de que divergências, debates e conflitos, inerentes e saudáveis à convivência universitária, podem ser superados no diálogo aberto, respeitoso e educativo, e nos limites do decoro e da cordialidade.

 Por uma Unicamp democrática, diversa, inclusiva e em que todas as pessoas sejam, de fato, educadoras umas das outras.