
Pesquisadores da Faculdade de Educação da Unicamp (FE-Unicamp) têm sido destaque nos cursos de especialização “Formação, Docência e Alfabetização Inicial – 1° e 2° anos” e “Formação de Formadores Especializados de Professores de Matemática dos Anos Finais” (FFEspPMat – Anos Finais), iniciativas do Ministério da Educação (MEC) em parceria com a Universidade Federal do Piauí (UFPI), iniciada em fevereiro deste ano. O segundo curso conta com 800 vagas e atenderá professores de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal.
Ambos os cursos são voltados à formação de professores, e contam com a participação das professoras Rosaura Soligo e Renata Frauendorf na coordenação da primeira especialização. Já na equipe de professores e tutores, contam com Heloisa Proença, mestra pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Continuada (GEPEC/FE), Patricia Infanger doutora pelo GEPEC/FE, e Eliana Rodriguez Moreno, mestra pelo Grupo de Pesquisa Alfabetização, Leitura e Escrita/Trabalho Docente na Formação Inicial (ALLE-AULA/FE). Já a segunda especialização está sob a coordenação do professor da FE, Miguel Ribeiro.
A primeira especialização está inserida no Programa Compromisso Nacional Criança Alfabetizada e tem como base o Percurso Formativo destinado a profissionais do 1º e 2º anos do ensino fundamental. As professoras Rosaura e Renata participaram da elaboração dos materiais desse percurso, que inclui textos, vídeos e pautas de formação, desenvolvidos ao longo do último ano em colaboração com o MEC. O envolvimento e a experiência na formação continuada de professores levaram as pesquisadoras a serem indicadas para integrar a coordenação da especialização, ao lado da equipe da UFPI.
A especialização foi iniciada em fevereiro de 2025 e ocorrerá até junho de 2026, no formato de ensino a distância (EaD), com atividades síncronas, como aulas e webinários, e atividades assíncronas. A seleção dos participantes foi conduzida por meio da Rede Nacional de Articulação de Gestão, Formação e Mobilização (Renalfa), uma iniciativa do MEC no âmbito do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. Os articuladores da Renalfa indicaram os participantes, que compõem as equipes técnicas das Secretarias de Educação Estadual e Municipal.
Uma concepção de formação continuada fundamentada na experiência docente
A escolha dos pesquisadores da FE para a coordenação do curso também reflete a importância do trabalho desenvolvido no GEPEC, que há décadas defende uma abordagem formativa baseada na valorização dos saberes docentes. Segundo Soligo, essa perspectiva considera a necessidade de construir propostas formativas que dialoguem com a experiência dos professores, promovam a reflexão sobre a prática pedagógica e fortaleçam a valorização do trabalho realizado nas escolas.
O Percurso Formativo, que fundamenta a especialização, é estruturado nesses princípios. Em um dos trechos do documento que apresenta essa proposta, as pesquisadoras Soligo e Frauendorf destacam os desafios enfrentados na formação de professores, especialmente no que diz respeito às metodologias empregadas.
“A despeito de o discurso educacional de vanguarda se pautar em ideias avançadas, inovadoras e dialógicas, na prática o que tem predominado é a concepção transmissiva, que representa um paradigma muito consolidado, expresso em propostas informativas comunicadas de modo expositivo, semelhantes às que Paulo Freire afirma serem típicas da educação bancária. […] Os cuidados metodológicos são imprescindíveis na formação de professores – assim como são imprescindíveis na educação escolar. Por mais bem elaborada e atualizada que seja, nenhuma proposta é boa em si, para todas as realidades e circunstâncias”, explica Soligo.

Para as pesquisadoras, a formação continuada deve considerar os sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, seus conhecimentos prévios e suas necessidades concretas. Essa visão é reiterada em um trecho escrito por Rosaura e pelo Professor Guilherme do Val Toledo Prado, em 2017: “Não se pode esperar êxito em ações que se pretendem formativas se não responderem a alguma necessidade daqueles para os quais se destinam: assim como nas situações de sala de aula, o engajamento dos sujeitos é algo que depende de haver alguma coincidência ou conexão entre o objetivo da proposta e o objetivo daqueles que a recebem como tal.”
A professora Soligo destaca a importância de uma formação que respeite a experiência dos professores e os envolva de maneira ativa no processo de aprendizagem. “Nosso objetivo é garantir que a formação seja significativa para os docentes, valorizando seus saberes e conectando teoria e prática de maneira realista e eficaz”, afirma.
Já a professora Frauendorf ressalta o impacto do curso na qualificação dos profissionais que atuam nos primeiros anos da alfabetização. “A formação de formadores é essencial para que as propostas pedagógicas sejam implementadas com qualidade e para que o conhecimento produzido chegue até a sala de aula, contribuindo para o desenvolvimento da alfabetização das crianças brasileiras”, pontua.
Especialização para formação de formadores de professores de matemática
Em relação à especialização em “Formação de Formadores Especializados de Professores de Matemática dos Anos Finais”, coordenada pelo professor Ribeiro, trata-se de uma parceria com docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e outra da UFPI. Esse curso conta com 800 vagas e atenderá professores de todos os estados brasileiros, incluindo do Distrito Federal.

O curso será oferecido à distância, com encontros síncronos online e acompanhamento presencial ao longo dos 18 meses de duração em algumas capitais do país. A especialização conta com 16 tutores e 10 professores, incluindo estudantes de mestrado e doutorado da Unicamp, docentes de institutos e universidades federais, além de membros do próprio grupo de pesquisa. Parte desses profissionais estará na FE-Unicamp ao longo do ano para pós-doutorado e visitas acadêmicas.
Impacto na política pública e na formação docente
A presença dos pesquisadores da FE-Unicamp na coordenação do curso representa um avanço na implementação de políticas públicas voltadas à formação de professores alfabetizadores. Ao levar para um programa nacional às concepções defendidas pelo GEPEC, a iniciativa busca impactar positivamente a educação básica, promovendo metodologias mais efetivas e contextualizadas para a formação docente.
Ambos os cursos fazem parte de um conjunto de especializações lançadas pelo MEC para fortalecer a formação de professores em todo o país. O envolvimento da FE-Unicamp nesse processo reforça o compromisso da universidade com a melhoria da educação escolar e com o desenvolvimento de práticas formativas que valorizem o papel dos professores como agentes centrais na transformação da aprendizagem das crianças brasileiras.

Comunicação Institucional – FE/Unicamp
Redação: Erika Blaudt
Revisão: Giovanna Romaro
Imagens: arquivo pessoal