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A imagem mostra um homem apresentando um trabalho acadêmico em uma sala de aula da Faculdade de Educação da Unicamp. Ele está em pé diante de um projetor, comunicando-se em Língua Brasileira de Sinais (Libras). No slide projetado está o título da apresentação: "ALÉM DA LITERATURA SURDA: A sinalização menor como potência criativa no uso da Língua Brasileira de Sinais", e o nome do apresentador, Guilherme Nichols, junto com os nomes das orientadoras e coorientadora. Ao lado do apresentador, há um equipamento de gravação ou transmissão com tela e câmera. A sala é clara, com paredes brancas e móveis simples, destacando o ambiente acadêmico e acessível.
Defesa de Doutorado do Prof. Guilherme Nichols (Divulgação: Guilherme Nichols e Lilian Nascimento

Professor Guilherme Nichols fez história ao se tornar o primeiro pesquisador surdo a obter o título de doutor pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (FE-Unicamp). Sua tese “Além da literatura surda: a sinalização menor como potência criativa no uso da Língua Brasileira de Sinais”, orientada pela Profa. Dra. Lilian Cristine Ribeiro Nascimento, membra do Grupo de Pesquisa Linguagem na Diferença (GP-LnD/CNPq) e co-orientada pela Profa. Dra. Vanessa Martins, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), promove um debate essencial sobre a Literatura Surda e sua relevância para a educação.

Com base na Filosofia da Diferença, dos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari, Nichols realizou uma análise cartográfica das ações da “língua menor” na Literatura Surda como ato de criação. O estudo focou em três poesias produzidas por autores surdos, demonstrando a potência dessas produções na formação da identidade e cultura surda.

Para a professora Lilian, orientadora da pesquisa, a tese de Nichols reforça a necessidade de uma abordagem educacional que valorize e inclua a literatura surda no currículo escolar. “Mais do que tolerar as diferenças, a escola precisa valorizar a língua de sinais e incluir conteúdos de literatura surda como parte essencial da educação de estudantes surdos”, afirma a docente.

Nichols destaca que sua pesquisa pode contribuir para a formação continuada de profissionais da educação de surdos em diferentes aspectos. “Minha tese ajuda a valorizar e legitimar a identidade e cultura de grupos marginalizados, oferecendo aos estudantes obras que representam vozes historicamente invisibilizadas, como a literatura surda, indígena, afro-brasileira e de imigrantes”, explica o pesquisador.

O estudo também tem impacto direto na atuação de professores bilíngues e de educadores de Libras. “É preciso mobilizar práticas pedagógicas inovadoras, explorando métodos como performances, vídeos e narrativas visuais que valorizam a língua de sinais”, pontua Nichols. Segundo ele, aprender a registrar por meio de videogravação envolve processos fundamentais para a liberdade criativa dos estudantes surdos, promovendo autonomia e reflexão sobre suas próprias experiências.

Fotografia do Prof. Dr. Guilherme Nichols, ao lado das orientadoras, em um auditório, com uma projeção de imagens na parede branca, onde  lê-se "Além da Literatura Surda". Ele é um homem de pele bege média, com cabelos crespos escuros curtos, barba, óculos de grau redondo, camisa preta, calça bege.
Da esquerda para a direita: Profa. Dra. Vanessa Martins, Prof. Dr. Guilherme Nichols e Profa. Dra. Lilian Cristine Ribeiro Nascimento (Divulgação: Guilherme Nichols e Lílian Nascimento)

A importância do trabalho de Nichols também se reflete na abertura da FE-Unicamp para acolher pesquisas conduzidas por pessoas surdas. Até o momento, cinco estudantes surdos concluíram seus mestrados na instituição, e uma pesquisadora, Patrícia Rezende, realizou seu estágio pós-doutoral sob a supervisão da Profa. Dra. Regina Maria de Souza. Atualmente, a faculdade conta com duas doutorandas e uma mestranda surdas, evidenciando o avanço na inclusão de pesquisadores surdos na academia.

Para Nichols, a crescente presença de pesquisadores surdos na FE-Unicamp é um passo importante para garantir que as necessidades e perspectivas dessa comunidade sejam reconhecidas e valorizadas no campo da educação. “Nossa voz precisa ser ouvida. A educação de surdos deve ser pensada a partir das experiências e vivências dos próprios surdos, respeitando suas singularidades e promovendo sua cultura”, finaliza o doutor recém-titulado.


Comunicação Institucional – FE/Unicamp
Redação e entrevistas: Erika Blaudt
Revisão: Giovanna Romaro
Imagens: Arquivo pessoal 

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