Ubirajara Alencar Rodrigues | Atualizado em 11/12/2020 - 07:58 Notícia

Programa "Cine Biblioteca & Exposições" - Semana "Desertos e Metáforas"

Shirin – Irã – 2008 – 94 minutos – Abbas Kiarostami

Abbas Kiarostami encena "A História de Khosrow e Shirin", um poema persa do século XII sobre os amores de uma princesa arménia pelo rei da Pérsia e sobre o triângulo amoroso que se forma quando Shirin conhece Farhad. Essa encenação é seguida pelo olhar de 114 mulheres sentadas numa sala de espetáculos - 113 atrizes iranianas de quatro gerações e 1 europeia, Juliette Binoche. Tudo o que acontece naquele palco é vedado ao espectador, que apenas vê a beleza daquelas mulheres, os seus rostos e suas emoções: o choro, o riso, o prazer e o sofrimento. 
"Shirin" é uma homenagem pessoal e consciente do realizador a todas as mulheres do mundo, mas muito especialmente às mulheres iranianas que sempre foram vistas em segundo plano.

Fonte: http://cinecartaz.publico.pt/Filme/248177_shirin

 

O quadro negro – Irã – 2000 – 85 minutos – Samira Makhmalbaf

A cineasta iraniana Samira Makhmalbaf - filha do realizador Mohsen Makhmalbaf ("Salam Cinema" e "Gabbeh") - tinha apenas 18 anos quando se estreou na realização e fez "A Maçã". Dois anos depois surge o seu segundo filme: "O Quadro Negro". Com ele, Samira foi a mais jovem presença em Cannes 2000, tendo sido galardoada com o Prémio do Júri. "O Quadro Negro" segue o itinerário de um grupo de professores que, após um bombardeamento no Curdistão iraniano, se esconde nas montanhas daquela região. Todos eles carregam às costas quadros negros e querem encontrar alunos a quem ensinar...

Fonte: http://cinecartaz.publico.pt/Filme/21663_o-quadro-negro

 

O deserto dos tártaros – Alemanha/ Itália/ França/ Irã – 1976 - 143 minutos – Valerio Zurlini

Engenhosa, etérea e evocativa, a metáfora que está por trás do enredo é a grande estrela de “O Deserto dos Tártaros” (Il Deserto dei Tartari, Itália/Irã/França/Alemanha, 1976). Construída com esmero em um romance famoso, pelo escritor Dino Buzzati, esta metáfora se tornou famosa nos meios literários por seu caráter ambíguo e aberto, permitindo que cada leitor encaixasse sua própria experiência pessoal na história do soldado que espera a chegada de uma ameaça invisível. Brilhante, a metáfora fez a fama do romance e atraiu a atenção do cineasta italiano Valerio Zurlini, um especialista em traduzir estados de espíritos melancólicos e amargurados através de paisagens e composições cinematográficas de tirar o fôlego.

Zurlini era famoso por escolher locações para os filmes que dirigia com muita propriedade, mas quis o destino que ele ultrapassasse todas as expectativas em “O Deserto dos Tártaros”. Ele precisava encontrar algum tipo de fortificação medieval abandonada no deserto para recriar, na telona, o Forte Bastiani – construção militar situada no limite oriental do império austro-húngaro, onde se passa a maior parte da ação, no ano de 1907. Pesquisando, ele encontrou a cidadela de Arg-é Bam, no Irã, uma intrincada rede de habitações de argila de 180 mil metros quadrados, construída 500 anos antes de Cristo e abandonada em 1850, após um terremoto.

O protagonista da história é o jovem tenente Drogo (Jacques Perrin). Militar recém-formado, ele é enviado para Forte Bastiani por engano. Chega excitado por estar na primeira linha de defesa contra as tribos tártaras que, em 1907, ameaçavam invadir o império austro-húngaro. A primeira impressão, contudo, logo de desvanece, já que Drogo é avisado pelos demais oficiais que do forte, isolado de qualquer contato com a civilização, não se vê absolutamente nada além das areias douradas do deserto. Com exceção do capitão Hortiz (Max Von Sydow), ninguém ali jamais viu um tártaro ou beduíno. Anos depois do ocorrido, o próprio Hortiz não sabe mais dizer se a visão de um árabe montando um cavalo branco, por um breve instante, realmente aconteceu, ou se foi apenas uma miragem provocada pela ansiedade da espera.

Como Drago, esperamos que algo aconteça, para quebrar a monotonia e o estado de espera permanente. A esperança, como a chama de uma vela, está sempre lá, só que cada vez menor. O tempo passa, como a areia do deserto, e os poucos fatos que rompem a rotina da fortificação militar se revelam sempre pouco sólidos, como um castelo de areia que se desvanece. Obviamente, um filme como “O Deserto dos Tártaros”– quase duas horas e meia de projeção, poucos diálogos que nunca abordam diretamente o tema central, nenhuma cena de ação – costuma ser rejeitado pela maioria dos espectadores. Quem conseguir entrar no estado de espírito adequado, porém, vai se deparar com uma obra singular, única, que propõe uma reflexão profunda sobre a condição humana através de composições visuais extraordinárias.

E o elenco inclui Vittorio Gassman, Giuliano Gemma e Jean-Louis Trintignant .

Fonte: http://www.cinereporter.com.br/criticas/deserto-dos-tartaros-o/

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